O dia 25 de julho marca o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. No Brasil, o dia também é em homenagem à Tereza de Benguela, líder quilombola que se tornou rainha, resistindo bravamente à escravidão por duas décadas. Esse ano, a data traz à tona a luta da mulher contra o feminicídio, as reformas que destroem os direitos do povo brasileiro, principalmente, das mulheres negras e por reparações à comunidade negra.
“Essa data é importante porque chama a reflexão para a situação de setores mais explorados e oprimidos da sociedade, que é a mulher negra Latino-Americana e Caribenha, e para os indicadores sociais, econômicos, políticos, que denunciam essa condição da mulher na sociedade brasileira”, disse Claudia Durans, 2° vice-presidente do ANDES-SN e uma das coordenadoras do Grupo de Trabalho de Política de Classe para Questões Etnicorraciais, Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS) do Sindicato Nacional.
Segundo a coordenadora do GTPCEGDS, a data possibilita também resgatar a história da mulher negra no Brasil. “É um histórico de luta e resistência, como no período colonial, em que mulheres enfrentaram o escravismo, dirigindo insurreições, fazendo parte da direção dos quilombos, como é o caso da Tereza de Benguela. E esse resgate à importante, pois a mulher negra chefia famílias e garante o sustento familiar”, afirmou a docente.
Tereza de Benguela liderou o Quilombo de Quariterê após a morte de seu companheiro, José Piolho. Conforme documentos da Época, o lugar abrigava mais de 100 pessoas, com aproximadamente 79 negros e 30 indígenas. O quilombo, localizado no Vale do Guaporã (MT), resistiu da década de 1730 até o final do século XVIII. Tereza foi morta após ser capturada por soldados em 1770.
Violência
O Brasil é o 5º país que mais mata mulheres no mundo, perdendo somente para El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia, com a triste marca de 13 mulheres vítimas de homicídio por dia, de acordo com dados de 2015 do Mapa da Violência elaborado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) de 2015. De acordo com o Mapa da Violência de 2015, entre 2003 e 2013, aumentou em 54,2% o número de assassinatos de mulheres negras, enquanto, no mesmo período, houve diminuição de 9,8% para as mulheres brancas.
Cláudia Durans explica que o índice de violência contra a mulher negra aumentou e que a situação da mulher negra tende a se agravar com a contrarreforma da Previdência, em curso, e as já aprovadas leis Trabalhista e das Terceirizações. “As contrarreformas implementadas pelo Capital, através do governo Temer, atacam ainda mais os setores vulnerabilizados da sociedade, no que diz respeito à aposentadoria das trabalhadoras rurais e às relações de trabalho, que ficarão ainda mais fragilizadas com a terceirização ampla e irrestrita”, ressaltou Claudia, pontuando que as contrarreformas estão na contramão da conquista de direitos das empregadas domésticas, por exemplo.
Origem
A data 25 de julho teve origem durante o 1º Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas realizado em Santo Domingo, na República Dominicana, em 1992. Ao longo dos anos, a data vem se consolidando no calendário de luta do movimento negro e tem resgatado a luta e a resistência das mulheres negras, bem como cumprido o papel de denunciar as consequências da dupla opressão que sofrem, com o racismo e o machismo. Ainda no mês de julho, é comemorado, no dia 31, o Dia da Mulher Africana.
Com informações da CSP-Conlutas