A manutenção do calendário acadêmico, com aulas durante o mês de janeiro, aprovada no Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (CONSEPE), da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), prejudicou boa parte dos estudantes que residem nos municípios fora do eixo Itabuna-Ilhéus, que dependem dos transportes disponibilizados pelas prefeituras municipais e que são suspensos durante o referido mês. Para uma parcela significativa de estudantes, a situação tornou-se mais agravante com o atraso no pagamento das bolsas de estágios administrativos e de permanência.
Estudantes afirmam que o atraso referente ao mês de dezembro tem dificultado a permanência na Universidade e levado muitos a faltarem aulas. Para o estudante Luís Reis, estagiário administrativo, residente em Itacaré, “é um descaso o tratamento que estamos recebendo nesse mês de janeiro. E é triste que alguns colegas vão perder o semestre por não conseguirem frequentar as aulas, já que não temos como pagar a passagem, mas para o portal acadêmico isso não faz diferença”. A parcela da bolsa permanência do mês de dezembro também não foi quitada. Para quem paga aluguel as dificuldades são ainda maiores porque não existe uma previsão para receberem o pagamento.
No último dia 18 de janeiro, em reunião com membros do Diretório Central de Estudantes (DCE), de centros e diretórios acadêmicos, além de estagiários e bolsistas, a reitora Adélia Pinheiro afirmou que o bloqueio, por parte do governo do estado, no orçamento de 8 milhões de reais impactou a estrutura da instituição. Na ocasião, a reitora solicitou que o DCE elaborasse um ofício exigindo da Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia uma posição sobre os atrasos no repasse das verbas de custeio da universidade. No entanto, até o momento, nenhum posicionamento público foi apresentado por parte da reitoria, tão pouco por parte do órgão do estado.
Para a estagiária administrativa Mariane Nunes, “não adianta a reitoria se prontificar a elaborar um ofício, mas não apresentar nenhum posicionamento público. A permanência de alguns colegas aqui [na UESC] tem se dado devido à ajuda financeira de amigos e familiares”.
Uma mobilização, por parte de estudantes bolsistas, está acontecendo no intuito de organizar os demais colegas para que sejam discutidas medidas que cobrem dos órgãos responsáveis à quitação dos valores devidos. O sentimento de indignação começa a se espalhar entre o segmento estudantil com anúncio das primeiras lutas de 2017 no campus da UESC.