A Mineradora Samarco informou na quarta-feira (27), por meio de comunicado, o registro de novo vazamento na Barragem de Fundão, no Rio Doce, em Mariana (MG). A empresa retirou funcionários do local e afirmou não ter havido necessidade de acionar a sirene instalada para alertar a população.
De acordo com a Samarco, ocorreu “uma movimentação de parte da massa residual”, que teria sido causada pelo grande volume de chuvas que caiu sobre a região nas últimas semanas. A Defesa Civil e a prefeitura de Mariana confirmaram que foram informadas pela Samarco sobre o novo vazamento, mas descartaram risco para a população, apesar de a empresa ter emitido um alerta amarelo.
Por meio da assessoria de comunicação, a Defesa Civil de Minas Gerais disse que o vazamento não teve grandes proporções, tratando-se de um “desplacamento de resquícios minerais”, ou seja, deslocamento dos resíduos de minério que ainda restam na barragem. Segundo a Samarco, o volume de resíduos de mineração que se deslocou hoje se acomodou entre as barragens de Fundão e Santarém. Conforme a empresa, as barragens de Santarém e Germano, que sofreram danos e foram submetidas a obras de recuperação após o desastre em Mariana, continuam estáveis.
O promotor Carlos Eduardo Ferreira, responsável pelo Núcleo de Combate a Crimes Ambientais no Ministério Público de Minas Gerais, ordenou a ida de um representante do MP-MG ao local para investigar o novo vazamento.
Rastro de lama e destruição
A Barragem de Fundão, localizada em Mariana e de propriedade da Samarco, uma joint venture das mineradoras brasileira Vale e anglo-australiana BHP, se rompeu no dia cinco de novembro. Milhões de metros cúbicos de resíduos de mineração armazenados no local foram liberados, devastando o distrito de Bento Rodrigues e matando 17 pessoas. Duas permanecem desaparecidas. O incidente deixou um rastro de destruição ao longo das margens do Rio Doce e afluentes, causando também o colapso no abastecimento de água em municípios que integram a bacia.
Não foi acidente
Em dezembro, a CSP-Conlutas organizou, junto com outras entidades, o Seminário Nacional #NÃOFOIACIDENTE – Em defesa dos trabalhadores e da população atingida pelo crime ambiental, em Mariana (MG). O evento, realizado no Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal de Outro Preto (Ufop), teve como intuito debater e esclarecer o crime socioambiental e trabalhista e garantir visibilidade do caso em nível nacional e internacional.
“O seminário cumpriu o papel de contribuir com a discussão de ações que não permitam que a tragédia provocada pela empresa Samarco, de propriedade da Vale-BHP-Billinton, não caia no esquecimento, e que essas empresas fiquem sem uma punição exemplar. O mesmo deve ocorrer com os governos que foram, e continuam lenientes com esses crimes. Os debates mostraram que, com a tragédia de Mariana, ficou desnudada as entranhas da atuação do capital e das relações promíscuas que mantêm com os políticos que financiam para garantirem a acumulação de riqueza a qualquer preço”, explicou José Domingues de Godoi Filho, professor da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), que esteve em uma das mesas do debate. Saiba mais.
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Edição de ANDES-SN com imagem de Agência Brasil
Fonte: Agência Brasil