A crise política terá mais um capítulo nesta quarta feira (2), com a votação na Câmara dos Deputados da denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer (PMDB) por corrupção. Os deputados irão decidir se autorizam ou não o prosseguimento da investigação.
Para que o processo siga para análise e julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) são necessários 342 votos do total de 513 deputados. Para se safar, Temer precisa de apenas 171 votos a seu favor.
Os deputados irão votar o parecer do relator Paulo Abi-Ackel (PSDB), da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), que é favorável a Temer e indica a rejeição da denúncia. Portanto, para que Temer seja investigado, a maioria dos deputados teria que rejeitar o parecer da CCJ, que vale destacar, foi aprovado à custa de manobras e escancarada compra de votos.
Na última sexta-feira (28), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), declarou que votar o quanto antes a denúncia contra Temer é “a melhor opção para o país”. Disse ainda estar confiante de que o quórum necessário para a votação, 342 presenças, será atingido.
Cheiro de pizza no ar
É inacreditável, mas a votação contra Temer, o presidente mais impopular desde a redemocratização do país, que tem a aprovação pífia de 5% da população, tem tudo para acabar numa grande pizza nesta quarta.
Segundo placar do jornal O Estado de S.Paulo, apenas 188 deputados já declararam que irão votar a favor da denúncia contra Temer. Outros 110 já se disseram a favor do presidente corrupto e outros 215 preferiram não informar.
O governo diz estar confiante de que a denúncia será barrada. Analistas políticos têm dito o mesmo. A situação é absurda, mas não será surpreendente se de fato se consumar, se consideramos que é um Congresso, lotado de denunciados na Lava Jato e em outros processos judiciais, que irá julgar Temer. Vergonhosamente, a “solidariedade entre corruptos” pode prevalecer.
A questão é quais deputados terão a cara de pau de votar contra a investigação de Temer, diante da enxurrada de denúncias contra o presidente, provas e indícios. A denúncia apresentada pela PGR, em junho, é baseada nas delações da JBS e na gravação da conversa na qual Temer dá aval para o empresário Joesley Batista manter o pagamento de propina para comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB).
Mas, ao que tudo indica, para esse Congresso de picaretas o “crime” compensa. Além da distribuição de cargos aos partidos, Temer liberou somente em julho metade de todo o orçamento empenhado ao longo de 2017. A maior liberação desses recursos em 2017 aconteceu no mês de julho: R$ 2,1 bilhões empenhados (compromissos assumidos para pagamentos posteriores) para as emendas. As liberações acontecem enquanto o governo federal aumenta impostos e edita medidas de ataques aos trabalhadores com a justificativa de que precisa cobrir um rombo fiscal de R$ 139 bilhões.
Fora Temer! Fora Todos os Corruptos! Abaixo as reformas!
A votação nesta quarta-feira não vai por fim à crise política, mesmo que Temer consiga barrar a denúncia. Isso por que a PGR irá apresentar antes de setembro novas denúncias contra o presidente. Novas delações como a de Cunha e do doleiro Lúcio Funaro também prometem trazer à tona mais escândalos. Entretanto, Temer segue buscando manter o apoio que ainda lhe resta junto ao empresariado e planeja dar andamento às reformas e o próximo ataque é a Previdência.
A orientação da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas é que os sindicatos filiados realizem assembleias, plenárias, reuniões de comitês e outras atividades para debater e organizar a luta contra o governo, a resistência à implementação da Reforma Trabalhista e a retomada das mobilizações contra a Reforma da Previdência.
Neste dia 2 de agosto, as entidades devem buscar realizar um dia de lutas para exigir Fora Temer e todos os corruptos e dizer não às reformas.
A CSP-Conlutas faz também um chamado às centrais sindicais para que mantenham a unidade e retomem urgentemente a mobilização nas ruas para barrar a Reforma da Previdência e revogar as que já foram aprovadas. É necessário convocar um calendário de lutas e construir pela base das categorias em todo o país uma nova Greve Geral.
Com informações da Agência Brasil e Estadão
Fonte: CSP-Conlutas