ANDES-SN, Fasubra e Sinasefe, em articulação com a Oposição de Esquerda da UNE e com a Assembleia Nacional dos Estudantes Livre (Anel), realizaram na tarde dessa terça-feira (6) a Caravana da Educação Federal em Brasília. Cerca de dois mil trabalhadores do setor da educação federal e estudantes se reuniram em frente ao Ministério da Educação (MEC) para protestar por melhorias na educação pública e para exigir do ministério a negociação sobre pautas das categorias. O ministro José Henrique Paim se negou a receber os manifestantes. O ato iniciou com a fala das três entidades organizadoras.
Luiz Antônio Silva, da direção da Fasubra, lembrou que aquele protesto era um recado ao autoritarismo do governo federal, que se nega a negociar e a avançar na pauta da educação federal. Disse também que todos os políticos falam de educação, porém, quando é hora de dar o exemplo, todos deixam a educação pública de lado e não são dignos da pauta. Silva concluiu afirmando que o movimento da educação estava sendo criminalizado pelo governo e que a hora é de reforçar a luta. “A intransigência e as mentiras do governo vão continuar, e é com a luta que pressionaremos para que a negociações avancem”, apontou Luiz Antônio Silva.
Em seguida falou Alexandre Fleming, da coordenação geral do Sinasefe. Fleming destacou que as bases das categorias da educação querem unidade para pressionar o governo e abrir diálogo sobre as pautas. O diretor do Sinasefe ainda apontou que as condições de trabalho têm piorado muito, e que os salários estão muito corroídos pela inflação e pela falta de reajustes. Fleming disse que os Grupos de Trabalho de sua categoria com o governo não avançaram em nada no último período e que é necessário lutar para reverter as negociações em favor dos trabalhadores.
Marinalva Oliveira, presidente do ANDES-SN, foi a próxima a falar. Ela afirmou a importância da unidade entre as três categorias, e também com os estudantes. Lembrou que o governo quer destruir a educação pública, e que a luta por qualidade, por melhores condições de trabalho e por assistência estudantil é a resposta dos movimentos organizados. “O governo só responde pressionado. Somos nós quem construímos diariamente a educação pública nesse país, e temos que continuar nos mobilizando. Só com luta vamos arrancar algo concreto deste governo”, concluiu a presidente do ANDES-SN.
Em seguida falaram as representações estudantis presentes. Camila Souza, da Oposição de Esquerda da UNE, reafirmou o apoio dos estudantes às mobilizações das categorias da educação federal e lembrou que é uma enorme contradição o governo investir 30 bilhões de reais na Copa do Mundo e destinar 50% do orçamento da União para pagamento de juros e amortizações da dívida, enquanto se nega a investir em educação pública e a negociar com os trabalhadores. Ela também fez um chamado à participação no Encontro Nacional de Educação (ENE), que acontece em agosto na cidade do Rio de Janeiro, e na mobilização de 15 de maio (15M), que mostrará ao país que “na Copa vai ter luta”.
Lucas Brito, da Anel, relembrou a importância da greve de 2012, que impôs uma derrota política ao governo por causa da enorme mobilização das categorias. O estudante ainda apontou que o governo federal escolheu um lado, que é o dos empreiteiros e banqueiros, e não o dos trabalhadores e da educação. Brito, por fim, reforçou o chamamento para a participação no ENE e no 15M. “Temos que engrossar as lutas para fazer com que haja uma inversão de prioridade nas pautas do governo”, afirmou.
Após as falas dos estudantes, foi aberto o microfone para das entidades de base se pronunciarem. Enquanto isso, dirigentes nacionais pressionavam para serem recebidos no MEC, conforme solicitado por ofício na última semana. Porém, o ministro Paim avisou que não se reuniria com os manifestantes, o que gerou uma enorme vaia dos presentes.
Categoria mobilizada em todo o Brasil
Muitos professores, organizados em seções sindicais do ANDES-SN, vieram a Brasília para a atividade. Delegações de todas as regiões do país estiveram presentes para protestar em defesa da educação pública, por melhores condições de trabalho e pela reestruturação da carreira docente. Benedito Magalhães, do Sindicato dos Docentes do Cefet-MG (Sindicefet-SSind), disse que a mobilização era necessária, e que ela deve crescer nas bases do movimento docente.
Já Luciano Coutinho, da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Adufrj-SSind), lembrou que a unidade efetiva das categorias na luta fundamental para a defesa da educação pública e para enfrentar o governo – que busca fragmentar as categorias. Coutinho considerou a manifestação importante por dar visibilidade ao movimento e mostrar que as categorias estão dispostas a negociar.
Suelene Pavão, da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Pará (Adufpa-SSind), afirmou que viajou de Belém a Brasília porque a mobilização pela educação pública é necessária. Suelene disse que é necessário que o governo escute os trabalhadores e que inverta suas prioridades, investindo de verdade em educação e saúde públicas. A professora ainda lembrou que a precarização do trabalho vem adoecendo a categoria, e que esse problema deve ser combatido o quanto antes.