No último sábado, dia 12 de março, ocorreu a celebração da vida da querida professora Marlene Dantas. Mulher ativa sindicalmente, militou pela causa da permacultura. A professora mantinha-se crítica à avalanche de tecnologia irracional e predatória tão estimuladas por nosso atual modelo social. Sempre atenta a presença da vida e as transformações que ocorrem a todo instante, deixou estudantes preparados para pensar a ciência de maneira integrada aos ciclos da natureza, e resgatou em sua postura, até o último instante, a cordialidade e a doçura, as quais os membros da sessão sindical ADUSC a recordam, como exemplo de alegria.
Categoria: ADUSC
GT de Insalubridade indica incoerência na avaliação do Governo
O Grupo de Trabalho (GT) de insalubridade reuniu professores da UESC, na tarde de quinta (dia 3), para discutir as resposta do governo após a ação das AD’s. Foram 203 professores do quadro da UESC que tiveram os adicionais de insalubridade cancelados sem aviso prévio, em novembro de 2015. O GT abordou a irregularidade administrativa no processo de corte das insalubridades e as limitações técnicas da atual proposta de reavaliação através de questionário. Os docentes ressaltaram a irregularidade administrativa do governo, que poderia ter realizado uma auditória antes do corte das insalubridades. Aproximadamente 144 professores já responderam administrativamente para reaver o adicional.
Os questionários encaminhados pelo governo para reaver o adicional deslocam o foco da avaliação, segundo a prof. Marcia Valéria, especializada em normas técnicas. O critério apontado pelo questionário desconsideram diversas questões referentes a natureza da atividade e o nível de exposição as condições insalubres, enquanto elege como principal aspecto para avaliar a insalubridade as condições do lugar e o tempo de permanência. A professora explicou que o laudo deve ter condições de avaliar a insalubridade por uma conjunção de fatores, como no caso de professores e professoras que trabalham diretamente no hospital, ou que utilizam microscópios eletrônicos, apontando a insuficiência do questionário em aferir com precisão estas questões.
A atitude de corte do governo também desrespeitou os laudos ainda em vigência, do ano de 2008, que não foram contestados nem avaliados por processo interno de auditoria para subsidiar as decisões de corte. Os professores ressaltaram no GT, “imagina se com corte da nossa insalubridade, a classe docente resolvesse abandonar a atividade laboratorial, refletindo o corte, quanto prejuízo não causaria?” destacou coordenador da ADUSC Emerson Lucena.
A questão será permanentemente pautada pelo grupo de trabalho, que se reunirá novamente antes da reunião agendada para o dia 14 entre o Fórum de Reitores das UEBA’s e representantes das quatro associações de docentes da UEBA’s, ADUSC, ADUSB, ADUNEB e AFUSC, como resultado da atuação unificada sobre a pauta comum.
ASCOM-ADUSC / 7 de março de 2016
Corte da insalubridade será pauta de reunião entre docentes e reitores das UEBA’s
As associações docentes das universidades estaduais da Bahia se reúnem no próximo dia 14 para unificar o posicionamento docente diante do Fórum de Reitores das UEBA’s. A principal pauta é referente ao corte do adicional de insalubridade. Os docentes incluem também a campanha de reajuste linear dos salários para reposição da inflação em 2016 e a atuação dos grupos de trabalho de comunicação de cada AD’s para dar visibilidade a precarização empreendida pelo governo.
Além do corte do adicional de insalubridade a pauta sugerida pela diretoria da ADUSC para a reunião com o Fórum de Reitores inclui ainda as licenças prêmios e sabáticas vencidas, as promoções e progressões não encaminhadas, a realização de novos concursos, e o afastamento para a qualificação dos docentes.
7 de março de 2016 / ASCOM-ADUSC
INSALUBRIDADE | Unificação das ações fortalece a luta pelo reestabelecimento do adicional
Esta quinta-feira (25) foi marcada por uma série de reuniões para unificar as ações jurídicas, administrativas e políticas pelo reestabelecimento do adicional de insalubridade. Durante a manhã, ocorreu a reunião entre assessorias jurídicas das Associações de Docentes (ADs) da UESC, UESB, UNEB e UEFS e da Regional Nordeste III do ANDES-SN. À tarde, o setor jurídico apresentou as estratégias consensuais ao Grupo de Trabalho (GT) sobre insalubridade, composto por representações das quatro universidades. O resultado das reuniões foi considerado um importante avanço na luta pela restituição do direito, arbitrariamente cortado pelo governo.
Após apresentarem as estratégias tomadas por cada assessoria jurídica isoladamente, os advogados das ADs traçaram os próximos passos para a unificação das medidas judiciais. Entre os encaminhamento está a construção de uma nota técnica para instrução no preenchimento do último formulário encaminhado pela Secretaria de Administração do Estado da Bahia (SAEB). Segundo os assessores, a nota também será utilizada como instrumento para apontar as ilegalidades cometidas pelo governo ao impor o corte de forma unilateral. Outros procedimentos jurídicos serão divulgados a medida que forem efetivados.
À tarde, os representantes do GT insalubridade da ADUNEB e ADUSB relataram suas impressões frente a reunião com a junta médica do estado, promovida pelas “Comissões Institucionais” para assuntos de insalubridade da UNEB e UESB, respectivamente. A partir dos relatos foi constatada incompatibilidade das informações fornecidas a cada comissão. Neste sentido, ficou encaminhado que o Fórum das ADs solicitará uma reunião conjunta entre representantes dos GTs das quatro ADs, o Fórum de Reitores, a Junta Médica do Estado e a SAEB. Desta forma, será possível evitar divergências nos processos administrativos de cada instituição para restituição do adicional.
Segundo o coordenador do Fórum das ADs, Luiz Blume, as informações acumuladas neste dia de reunião fórum importantes para reafirmar o caráter político do corte arbitrário imposto pelo governo Rui Costa (PT). “O governo está sacrificando o direito, legitimamente adquirido por grande parte desses professores, para direcionar recursos a interesses escusos às prioridades da população”, afirma. Para o docente, diante deste cenário, o aperfeiçoamento das medidas jurídicas e administrativas representam um importante passo da categoria, mas a luta política é o principal horizonte para efetivar uma vitória.
Semana de Mobilização
Para dialogar com a comunidade acadêmica e a sociedade, dar visibilidade à gravidade dos ataques impostos pelo governo, foram realizadas, ao longo da semana, várias atividades nas quatro Universidades Estaduais da Bahia (UEBA). Na UESC, além de panfletagem nas salas de aula, a ADUSC promoveu uma reunião ampliada entre os docentes atingidos pelo corte da insalubridade, a administração universitária e a professora Márcia Valéria (DCB), que também é perita criminal.
Os docentes tiveram oportunidade de esclarecer inúmeras dúvidas técnicas, e criticaram a administração universitária quanto à falta de empenho em fornecer informações seguras à categoria. Um dos problemas apontados foi o não cumprimento da indicação presente em circular da própria SAEB (disponível aqui) quanto à informação referente às NRs, e a consulta a junta médica do estado.
O gerente de recursos humanos da UESC, Expedito Santana informou que a universidade estava buscando agendamento com a junta médica, e ressaltou a importância da unificação das ações proposta pelo Fórum das ADs.
Assembleia da ADUSC cria GT de Insalubridade e aprova paralisação para o dia 7 de Abril
A Assembleia Geral da ADUSC, realizada nesta terça-feira (23), aprovou por unanimidade a paralisação das atividades no dia 7 de abril. Na mesma data, será realizado ato público, em Salvador, para pressionar o governo a responder a pauta de reivindicações docente, protocolada em dezembro de 2015. Os docentes exigem o cumprimento dos direitos trabalhistas, investimento adequado para as universidades públicas e o um reajuste salarial de 15,5%.
Durante a Assembleia, também foi aprovada a criação de um Grupo de Trabalho (GT) para acompanhar os procedimentos relacionados ao corte do adicional de insalubridade. O tema será debatido amplamente nesta quarta-feira (24), durante mesa redonda organizada pela ADUSC. A atividade começará às 10 horas, no CEU (térreo do Pavilhão Adonias Filho), e faz parte da Semana de Mobilização deliberada pelo Fórum das ADs. A ADUSC convidou a administração universitária, a Profª Márcia Valéria (DCB), que também é perita criminal, e o professor Valdir Mesquita (DCJUR) para prestar esclarecimentos técnicos à categoria.
Fonte: ADUSC
A DATA TAMBÉM SERÁ MARCADA COM PANFLETAGEM NO CAMPUS NOS 3 TURNOS
Confira a agenda de mobilização
24/02 – Mesa Redonda sobre INSALUBRIDADE para esclarecimentos técnicos da categoria, 10 horas, no CEU.
25/02
9h30 – Reunião entre assessores jurídicos das ADs e da RNIII do ANDES-SN;
14h – Reunião do Grupo de Trabalho (GT) sobre Insalubridade;
29/02 – Reunião entre Fórum de reitores e Fórum das ADs (à confirmar)
05/03 – Reunião com o Governo (à confirmar)
07/03 – Reunião do Grupo de Trabalho (GT) de Comunicação do Fórum;
Comitê Estadual em Defesa da Educação Pública realiza reunião e debate
O Comitê Estadual em Defesa da Educação Pública volta a se reunir no próximo sábado (27), a partir das 9h, no Colégio Estadual Polivalente, em São Gonçalo dos Campos. Durante a reunião ocorrerá o debate do tema: “As Dimensões da Precarização na Educação Básica”. Após discussões, o Comitê dará prosseguimento à reunião pautando a construção de um Boletim Informativo, os Planos de Trabalhos das Comissões organizativas do Comitê e do Encontro Estadual de Educação. Participam do Comitê Estadual Seções sindicais do ANDES-SN, entidades e movimentos sindicais, estudantis, populares, e sociais.
O Encontro Estadual é uma etapa preparatória ao II Encontro Nacional de Educação (ENE), que ocorrerá entre os dias 15 a 19 de junho, em Brasília. O tema do Encontro Estadual é “Pátria Educadora, para quem? O Plano Nacional de Educação (PNE) e o projeto de educação da classe trabalhadora”. O objetivo é construir propostas para o setor a partir da participação de diversos segmentos e unificar a luta em torno de um projeto que contraponha o Plano Nacional de Educação (PNE) privatista construído pelo governo.
O ENE é realizado pelo Comitê Nacional em Defesa dos 10% do PIB para a Educação Pública, criado pelo Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), seções sindicais e diversos movimentos sociais. Este ano, o tema do encontro será “Por um projeto classista e democrático de educação”. As discussões terão como eixos: gestão; financiamento; formação e trabalho docente; avaliação; acesso e permanência; gênero, sexualidade e questões étnico-raciais.
Fórum das ADs promove Semana de Mobilização e indica paralisação
O Fórum das Associações Docentes (ADs), reunido na ultima quinta-feira (18), na ADUSC, deliberou pela realização de uma Semana de Mobilização em defesa das Universidades Públicas e dos direitos trabalhistas. Para enfrentar os ataques impostos pelo governo Rui Costa (PT), panfletagens, aulas publicas, visita à imprensa dentre outras atividades serão realizadas na UESC, UESB, UNEB e UEFS, entre os dias 22 e 26 deste mês. Um dia de paralisação, a ser avaliado pelas assembleias docentes, também está entre as indicações do Fórum, que vai solicitar reunião com o Fórum de Reitores e com o governo para os próximos dias.
Semana de Mobilização
O clima de indignação entre os docentes e demais categorias de servidores públicos da Bahia é crescente. Obedecendo a agenda do capital em crise, o governo Rui Costa (PT) tem aprofundado a precarização das condições de vida dos trabalhadores para injetar o dinheiro público na manutenção dos lucros empresariais.
Com o apoio da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), o governo aprovou, ao final de 2015, o chamado “pacote de maldades”, retirando e alterando a licença-prêmio, licença-sabática, estabilidade econômica, concessão de férias, entre outros. A suspensão arbitrária ao pagamento do adicional de insalubridade de 846 professores e a não reposição inflacionária aos servidores baianos representam um grave confisco aos salários desses trabalhadores.
Nesse sentido, a semana de mobilização pretende dialogar com a comunidade acadêmica e a sociedade, dar visibilidade à luta docente e exigir do governo uma resposta à pauta de reivindicação 2016. O Movimento Docente (MD) reivindica ampliação do repasse orçamentário do estado às UEBAs para 7% da Receita Líquida de Impostos (RLI), respeito ao direitos trabalhistas e um reajuste salarial de 15,5%. Em assembleia geral da ADUSC, nesta terça-feira (23), a categoria avaliará as propostas de paralisação no dia 7 de abril e ato público em Salvador.
Insalubridade
O Fórum das ADs também deliberou por uma reunião entre os assessores jurídicos das ADs e indicou a criação de um GT sobre insalubridade para unificar as ações e fortalecer a luta pelo reestabelecimento do direito. Os representantes docentes também buscam uma reunião com o Fórum de Reitores para o dia 29 de Fevereiro, para tratar da insalubridade e outros direitos como promoções e licença prêmio. Uma reunião com o Governo será solicitada para o dia 3 de março, na qual será debatida a pauta de reivindicações 2016.
CONVOCAÇÃO DE ASSEMBLEIA
No uso de suas atribuições, que lhe confere o Art. 22 do Regimento Geral, a diretoria da ADUSC/Seção Sindical do ANDES/SN, convoca a todos os associados para Assembleia Ordinária a realizar-se no dia 23.02.2015(terça-feira), às 13:30h em primeira convocação e às 14:00h em segunda, no térreo do Pav. Adonias Filho, com a seguinte pauta:
1) Informes
2) Campanha de reivindicações 2016;
2.1) Insalubridade e outros direitos trabalhistas;
3) Semana de Mobilização das UEBA’s (22 a 26.02);
4) Paralisação das atividades docentes no dia 07.04;
5) O que ocorrer;
Campus Soane Nazaré, 19 de Fevereiro de 2016.
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José Luiz de frança Filho
Presidente
ANDES-SN completa 35 anos
Entidade foi fundada em 19 de fevereiro de 1981, como Associação Nacional dos Docentes de Ensino Superior. Apenas em 1988, com a promulgação da Constituição que garantiu o direito à sindicalização aos servidores públicos, foi transformado em Sindicato Nacional
No dia 19 de fevereiro de 1981, cerca de 300 docentes, reunidos em Campinas (SP), deliberavam pela criação da Associação Nacional de Docentes do Ensino Superior – a ANDES. Entre as funções da associação, segundo as atas do Congresso de Fundação, estavam a integração com outras entidades representativas de docentes, trabalhadores e demais setores sociais, a luta pela redemocratização do país e a campanha nacional em defesa e ampliação da educação pública, gratuita e de qualidade.
Segundo Sadi Dal Rosso, presidente do ANDES-SN entre os anos 1988 e 1990, o Sindicato Nacional nasceu da resistência à ditadura militar (1964-1985) e em defesa de uma educação pública, gratuita e de qualidade. “O nascimento do ANDES-SN em 1981 – na forma inicial de associação nacional, pois a legislação vedava a organização de sindicatos no setor público – se deu através da resistência travada dentro das universidades por docentes, estudantes e técnico-administrativos. As associações docentes espalharam-se por todos os recantos das universidades brasileiras, públicas e privadas”, contou.
Para Rosso, a história do ANDES-SN não pode ser contada ou analisada sem levar em conta a participação do Sindicato no processo de redemocratização do país. Em 1987, os docentes federais exercitaram o direito de greve de forma exitosa, que culminou na criação do Plano Único de Classificação e Retribuição de Cargos e Empregos (PUCRCE).
Márcio Antônio de Oliveira, presidente do ANDES-SN entre 1992 a 1994, e secretário geral do Sindicato nos períodos de 1986 a 1988 e de 2010 a 2014, lembrou a participação do ANDES-SN no processo da Constituinte. “Foi um movimento muito profundo e detalhado e não tínhamos interesse apenas na educação, fizemos uma plataforma comum, junto às entidades e partidos políticos, para a Constituinte que abrangia educação, saúde, segurança, direitos dos cidadãos, etc. Tivemos uma vitória neste sentido na Constituinte de 1988, onde está prevista a gratuidade do ensino nas instituições oficiais”, afirmou.
O papel da entidade na organização da luta pela educação pública, por meio da constituição do Fórum Nacional em Defesa da Educação Pública, também foi fundamental para o processo da Constituinte na apresentação de propostas para a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e, posteriormente, na elaboração do Plano Nacional de Educação da Sociedade Brasileira.
Após a promulgação da Constituição Federal em 1988, que assegurou o direito à sindicalização aos servidores públicos, os docentes reunidos no II Congresso Extraordinário, em novembro do mesmo ano, deliberaram pela transformação da ANDES (que até então tinha caráter de associação) em Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior – o ANDES-SN.
Educação não é mercadoria
Em 1990, Fernando Collor de Mello assumiu a presidência do país e colocou em prática um profundo processo de mercantilização da educação e privatizações, com o seu Programa Nacional de Desestatização (PND). “O embate foi muito forte com o governo e em 1991 protagonizamos uma greve que resultou na rejeição de um projeto que excluía docentes e servidores das IFE e diversas outras categorias de servidores público federais (SPF) dos reajustes propostos pelo governo”, contou. Para Oliveira, a sua gestão também foi marcada pela legitimação do direito de greve no serviço público e o ínicio do processo de construção da carreira do professor federal.
Reforma do Estado: neoliberalismo
Com a chegada de Fernando Henrique Cardoso (FHC) à presidência da República (1995-2002), se iniciou o processo de reforma “gerencial” do Estado – um conjunto de ações neoliberais de transferência do patrimônio público aos interesses do Capital. “A dureza dos ataques, através de emendas constitucionais que alteravam radicalmente o conceito de empresa nacional, facilitou a rearticulação na luta dos movimentos sociais, mas as diferentes avaliações sobre o que se projetaria a partir dos seus fundamentos também resultaram em tensões profundas internas ao movimento sindical. Lembro que, em nossas avaliações da conjuntura, passou a figurar crescentemente a denúncia sobre a ‘adaptação passiva à ordem’ de algumas direções sindicais, inclusive da Central à qual o ANDES-SN era filiado, a CUT [Central Única dos Trabalhadores]”, disse Luiz Henrique Schuch.
A sua gestão à frente do Sindicato Nacional, entre 1994 e 1996, foi marcada pela luta contra a Proposta de Emenda a Constituição (PEC) 33, que já sinalizava os ataques por vir à Previdência Social. “A proposta foi imediatamente denunciada pelo ANDES-SN, e pela maioria dos movimentos sociais, como um profundo ataque aos direitos dos trabalhadores, ferindo centralmente o conceito de seguridade social. A reação dos trabalhadores impediu que as alterações fossem feitas até 1998, quando então o Congresso Nacional aprovou a Emenda 20, que ficou conhecida como a primeira fase da Reforma da Previdência, depois aprofundada pelos governos Lula e Dilma”, contou Schuch.
A conjuntura marcada pela política neoliberal se intensificou nos anos seguintes. Maria Cristina de Morais, presidente entre 1996 e 1998, apontou que os ataques ao ensino superior público eram direcionados à autonomia universitária, com a criação de modelos de financiamento privatizantes, e com propostas de desmonte do Regime Jurídico Único (RJU), entre outros. “Participamos ativamente de todos os fóruns constituídos por setores da sociedade, que tinham como objetivo a luta contra as privatizações, em defesa de serviços públicos, gratuitos e de qualidade, do patrimônio e riquezas do Brasil”, disse.
Ela relembra a greve de fome realizada pelos docentes em 1998 durante 12 dias, após 76 dias de intransigência do governo em responder à pauta de reivindicações, o que, segundo Maria Cristina, elevou “o patamar de luta do ANDES-SN com muita ousadia, radicalidade, coragem e dignidade”.
Em 2001, outra simbólica greve, que durou 108 dias, contra as reformas neoliberais marcou a história do ANDES-SN. O que estava em jogo era a lógica da remuneração por desempenho, imposta pela Gratificação de Estímulo à Docência (GED), a quebra da paridade entre ativos e aposentados, a diferenciação salarial entre os docentes e a possibilidade, aberta pela contrarreforma do Estado, de conversão das universidades em Organizações Sociais (OS), como previsto no Plano Diretor da Reforma do Estado de FHC. O governo fez duros ataques para desmobilizar a categoria, com a judicialização da greve, com cortes de salários e interdito proibitório ao presidente do Sindicato, Roberto Leher (2000-2002).
“A principal conquista foi o bloqueio da implementação das OS nas universidades e um reajuste salarial linear a toda categoria, inclusive para a carreira do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT), com avanços importantes na recomposição da paridade entre ativos e aposentados. Conseguimos aindaa abertura de novas vagas para concurso de docentes e técnico-administrativos”, contou Leher.
Fortalecer a resistência
A vitória de Luís Inácio Lula da Silva para a presidência da República, em 2002, em nada mudou os rumos do país. A aprovação, em 2003, da PEC Reforma da Previdência, que apenas com a forte mobilização evitou prejuízos mais graves, foi o primeiro grande enfrentamento dos servidores públicos federais ao governo Lula. Seguindo as medidas de base ideológica e política do neoliberalismo, o governo Lula atuou no sentido de desmobilizar os movimentos sociais, com permanente cooptação de suas direções.
Consolidar e fortalecer, ainda mais, o trabalho sindical foi o grande desafio, segundo Marina Barbosa Pinto, durante a sua primeira gestão (2004-2006) à frente do Sindicato.
“Com a entrada do governo Lula há uma grande confusão na forma organizativa dessas entidades, que optam por atuar de forma muito vinculada a política governamental, o que dificulta o processo de ação unitária. Neste sentido, o Sindicato realizou uma ampla discussão na sua base para decidir se permanecia ou não filiado a CUT e após anos de debate, no 25° Congresso do ANDES-SN em Curitiba (PR), em 2005, se decidiu pela desfiliação”, contou.
No ano seguinte, no 26º Congresso do ANDES-SN, que ocorreu em Campina Grande (PB), na gestão de Paulo Rizzo (2006-2008) foi aprovada a filiação da entidade à Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas), posteriormente CSP-Conlutas, que já vinha sendo discutida nas bases do movimento sindical docente desde a desfiliação à CUT.
Desestruturação da Carreira
Em 2006, no segundo mandato de Lula, o governo lançou diversos pacotes de medidas de impacto, entre eles, o Programa Universidade para Todos (Prouni) e, em 2007, o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades (Reuni), implementado num contexto de sucateamento das universidades, resultando numa expansão precarizada, pois ampliava o número de alunos, mas não era proporcional o aumento no número de professores e técnico-administrativos. Este último programa foi implantado de forma truculenta nas IFE, sem discussão com a comunidade acadêmica que, por sua vez, lutou bravamente contra a adesão das universidades federais ao Reuni, com manifestações e, inclusive, ocupações de reitorias para pressionar os conselhos universitários a não entrarem no programa.
Em dezembro de 2007, o governo propôs um acordo apenas para o magistério do ensino superior, e o ANDES-SN, por decisão das assembleias, não assinou o termo. “É neste período que tem início a desestruturação da carreira, contra o que temos lutado arduamente, luta esta que continuará nos anos seguintes”, pontuou Rizzo.
Riscos e tensões
As inúmeras tentativas de aprofundar o controle do Estado sobre os sindicatos persistiram em 2008. Ciro Teixeira Correia, presidente do ANDES-SN de 2008 a 2010, explicou, que quando assumiu a presidência, havia crescido a tentativa de legalizar, por parte de setores governistas, um sindicato paralelo ao ANDES-SN, para dividir a categoria. Neste mesmo ano, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), publicou a Portaria Normativa nº 1/2008 suspendendo novamente o registro sindical da entidade – isso já tinha ocorrido também de forma arbitrária em 2003.
Naquele momento, não só a existência do ANDES-SN estava ameaçada, segundo Correia, mas também a autonomia sindical e o próprio direito à organização de sua base. “Mais do que em qualquer momento anterior, três frentes efetivamente ameaçavam a vida do Sindicato Nacional: estrangulamento financeiro, pela restrição às consignações; impossibilidade de atuar na defesa jurídica da categoria como substituto processual, porque o Judiciário passou a exigir o registro sindical; e a ameaça de criação de uma entidade que recebesse chancela oficial, no lugar do ANDES-SN”, relembrou Ciro.
Entretanto, o processo de luta pela reativação do registro sindical, o engajamento da categoria e as manifestações de apoio recebidas de entidades estudantis e acadêmicas, do movimento sindical e popular, de parlamentares e personalidades do meio intelectual e político foram de fundamental importância para que, em junho de 2009, fosse restabelecido o registro sindical do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN).
Crise e unidade
As políticas educacionais seguiam o projeto privatista iniciado na década de 90 e atendendo aos interesses privados. As ações em curso se caracterizaram pela ampliação de vagas no setor privado, com recursos públicos – como o Prouni e Fies e pela expansão desordenada e precarizada, através do REUNI. De acordo com Marina Barbosa, que também esteve na presidência do ANDES-SN de 2010 a 2012, o processo de ataque aos direitos dos trabalhadores, neste período, já tinha se consolidado nacionalmente. “Nós estávamos vivendo, no âmbito das IFE, a expansão desordenada implementada pelo governo, com a qual não tivemos acordo, porque ela não assegurava as reais condições para o crescimento das universidades. Na realidade, essa expansão se caracterizou como um contrato de gestão e cumprimento de metas para o recebimento de recursos. Ao mesmo tempo, no âmbito estadual já se via uma desresponsabilização com as instituições de ensino”, criticou Marina. Em 2011, o os docentes aprovam a filiação do Sindicato à Central Sindical e Popular Conlutas (CSP-Conlutas) no 30° Congresso do ANDES-SN.
PNE
Em 2011, de maneira antidemocrática, teve início a tramitação no Congresso Nacional, do Plano Nacional de Educação (PNE). Aprovado em 2014, o plano prevê política de destinação do dinheiro público para as empresas privadas, que comercializam serviços na área do ensino. Nesse sentido, os 10% do PIB aprovados para o financiamento na educação não serão exclusivamente destinados para a rede de ensino pública, indo na contramão da garantia da educação gratuita, pública, laica, de qualidade socialmente referenciada para toda a população, em todos os níveis.
Marinalva Oliveira, presidente do ANDES-SN entre 2012 e 2014, conta que a falta de democracia na discussão da elaboração do PNE privatista do governo, mobilizou os docentes para discussões e ações de luta, de forma combinada com a luta pelo financiamento da educação que ordenou nossas ações em torno da campanha pelos 10% do PIB para a educação pública, Já!.
“O enfrentamento ao PNE do governo mobilizou o ANDES-SN na construção de espaço organizativo que pudesse congregar e unificar os lutadores em torno desta pauta. Esse esforço culminou com o Encontro Nacional de Educação, em 2014.”, disse Marinalva, que ressaltou que havia mais de 10 anos que os setores da educação não se reuniam em defesa de uma pauta comum.
Marinalva relembra que o início da sua gestão, em 2012, foi marcado por uma greve histórica de 124 dias dos docentes das Instituições Federais em defesa da carreira e por melhores condições de trabalho. “A greve dos docentes foi à fagulha para o estopim de um movimento mais amplo que culminou numa greve articulada em todo o setor da Educação. Docentes, técnicos e estudantes, tanto de graduação quanto de pós, saíram às ruas em defesa do ensino público federal de qualidade”, avaliou.
Ela citou também a luta permanente na defesa do serviço público e dos direitos dos servidores, contra a Ebserh e contra o Funpresp, como enfrentamentos centrais da entidade. O sucesso da campanha realizada pelo ANDES-SN contra a adesão ao Fundo de Previdência Complementar do Servidor Público Federal do Poder Executivo (Funpresp-EXE), resultou na baixa adesão de docentes ao Fundo.
Gerações de lutadores
Em sua segunda gestão (2014-2016), o atual presidente do ANDES-SN, Paulo Rizzo, cita a recente – e mais longa greve da história do ANDES-SN, realizada em 2015 pelos docentes federais, como um dos exemplos das lutas travadas pela entidade. Durante mais de quatro meses, o movimento grevista expôs para a sociedade brasileira o projeto de desmonte da Educação Pública. Outro fato importante em 2015 foi o fortalecimento do Fórum dos SPF a partir da Campanha Salarial Unificada. A unidade construída ao longo de várias mobilizações nacionais possibilitou poder de pressão ampliado dos servidores federais sobre o governo federal.
Desafios
O presidente do ANDES-SN ressaltou que os desafios postos para 2016 são inúmeros. “É necessário enfrentar com vigor o desmonte da educação pública, o corte de verbas, o fechamento de escolas, as formas de privatização que assolam hoje todos os níveis de ensino e, sobretudo, a intensificação da precarização das condições de trabalho. É preciso avançar, com todos os setores que assim lutam, na construção do II Encontro Nacional de Educação e na ação unitária com o Fórum dos SPF. Temos que enraizar a CSP-Conlutas e colocar o sindicato com mais força na participação do processo de reorganização da classe trabalhadora no país”, indicou.
– Confira o álbum no facebook com as imagens do Varal Histórico
• Esta matéria foi originalmente publicada na edição de Janeiro de 2016 do Informandes impresso. Foram entrevistados os docentes que estiveram à frente da presidência após o processo da Constituinte, em 1988. As imagens fazem parte do Varal Histórico exposto no 35° Congresso do ANDES-SN, para marcar os 35 anos do Sindicato Nacional.
Revista Científica do ANDES-SN abre chamada para publicações sobre as lutas das mulheres
A diretoria do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior – ANDES-SN lançou, na segunda-feira (15), a chamada para publicação na 58ª edição da Revista Universidade e Sociedade. Com o tema central “Mulheres em movimento nas lutas sociais e sindicais”, a revista receberá contribuições até o dia 30 de Abril, próximo, pelo e-mail andesregsp@uol.com.br. Publicada semestralmente, a revista objetiva fomentar a publicações de pesquisas acadêmicas, bem como oriundas das experiências sindicais e sociais acerca de temas de relevância para a luta docente.
A edição de número 58 da Revista Universidade e Sociedade será lançada durante o 61º Conselho Nacional do Andes-SN (CONAD), em Boa Vista/RR, durante o mês de junho deste ano. Segundo Circular nº19, enviada pela diretoria do sindicato nacional, serão recebidos artigos relacionados aos “ataques constantes que têm sido perpetrados no âmbito social, político e cultural contra os direitos das mulheres brasileiras. Além disso, artigos que reflitam sobre os processos sociais de luta por direitos das mulheres, nos movimentos sociais e sindicais, tais como mulheres indígenas, quilombolas, educadoras, etc. e suas lutas cotidianas pela sobrevivência e contra todas as formas de opressão e violência”.
O professor Luiz Blume reforça a importância da participação dos associados da ADUSC na revista: “É muito importante que a categoria participe, enviando artigos e sugerindo também a publicação de seus orientandos”. Secretário da ADUSC e 2º vice-presidente da regional nordeste 3 do ANDES-SN, Blume assumiu recentemente o comitê editorial da Revista e destaca a relevância do tema proposto para a próxima edição: “Este próximo número da revista traz uma dimensão importante das lutas do sindicato ao dar visibilidade ao protagonismo das mulheres nas lutas sociais e sindicais. A ADUSC sempre teve uma presença importante de mulheres nas gestões do sindicato, mas é preciso ampliar esta presença, quantitativamente e qualitativamente”.
A diretoria do ANDES-SN também informa que “além de artigos temáticos, também serão aceitas resenhas críticas de livros sobre o tema central bem como de outros que, de forma transversal, abordem as questões relativas aos ataques trabalhistas no âmbito da educação brasileira”. Tanto os artigos, quanto os ensaios deverão obedecer à normatização, disponível em anexo aqui.
Acesse as edições anteriores da Revista Universidade e Sociedade através deste link.