ANDES-SN divulga caderno de textos do 37º Congresso do Sindicato

imp-ult-639935410A diretoria do Sindicato Nacional divulgou, nessa sexta-feira (1), o Caderno de Textos do 37º Congresso do ANDES-SN. Com o tema central “Em defesa da educação pública e dos direitos da classe trabalhadora. 100 anos da reforma universitária de Córdoba”, o evento ocorrerá de 22 a 27 de janeiro de 2018, na cidade de Salvador (BA) e é organizado em conjunto com a Associação dos Docentes da Universidade do Estado da Bahia (Aduneb – Seção Sindical do ANDES-SN). Confira o Caderno de Textos.

Nessa sexta, a secretaria do ANDES-SN encaminhou também a circular 414/17, que informa sobre a sala de convivência no local do evento, com recreadores, que será disponibilizada caso haja demanda. O espaço será reservado nos horários do Congresso, previsto no cronograma, e se destinará às crianças com até 12 anos. Para um melhor atendimento, é solicitado que sejam encaminhadas à secretaria da entidade, até o dia 8 de janeiro, as seguintes informações: Nome da criança e idade; Nome do(a) participante do Congresso e sua seção sindical; Informar se a criança possui alguma necessidade de atendimento especial, se tem alergias, se apresenta alguma restrição alimentar (para os lanches) e se faz uso de medicamento. Leia aqui.

Anexo ao Caderno

As seções sindicais e os docentes sindicalizados do ANDES-SN tem até o dia 5 de janeiro do ano seguinte para enviar as contribuições ao anexo do Caderno de Textos do 37º Congresso do Sindicato Nacional. Os textos deverão ser remetidos para a secretaria do ANDES-SN por e-mail (secretaria@andes.org.br). O anexo do Caderno de Textos será publicado no dia 10 de janeiro.

Credenciamento prévio

Para agilizar as inscrições nos eventos nacionais, o ANDES-SN ressalta a importância do credenciamento prévio, que poderá ser realizado de 1º de dezembro a 17 de janeiro. O credenciamento durante o 37º Congresso poderá ser feito no dia 22 de janeiro, até às 18 horas.

Confira a circular com informações sobre o envio de textos e o credenciamento.

 

Fonte: ANDES-SN

MESMO COM RECUO DAS CENTRAIS, MOVIMENTO DOCENTE MANTÉM MOBILIZAÇÃO DIA 5 DE DEZEMBRO

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Fotografia: CSP Conlutas

Associações Docentes baianas, junto com ANDES-SN e CSP Conlutas, mantém chamado para a luta contra a Reforma da Previdência

O Movimento Docente da Bahia vai parar nesta terça-feira (5) dia convocado, inicialmente, como Greve Nacional contra a Reforma da Previdência. A posição das diretorias das Associações Docentes é de manter as mobilizações e não recuar, mesmo com a nota de desmarcação da data, publicada na última sexta-feira (1), e assinada pelas centrais sindicais (CUT, Força Sindical, UGT, NCST e CSB).

A adesão aos atos públicos e paralisação das atividades acadêmicas, com portões fechados, foi aprovada nas assembleias realizadas na Uneb, Uesc e Uesb. Na Uefs, mesmo sem a assembleia, foi reforçada a necessidade de intensificar a luta. Para Milton Pinheiro, coordenador do Fórum das ADs, é repudiável a postura da Central Única dos Trabalhadores em tentar desmarcar um dia de luta tão importante sem, ao menos, consultar a base das categorias.

“Não haverá recuo do Movimento Docente. Vamos fazer do dia 5 de dezembro um dia de lutas e mobilizações. Daremos um recado forte e incisivo ao governo, e à sua base aliada, de que a Reforma da Previdência não vai passar. Convocamos todos e todas para ocupar as ruas”, reforçou o professor.

Em Ilhéus, um ato está marcado para às 9h30, na porta do Banco do Brasil. Em nota, a CSP-Conlutas e o ANDES-SN também afirmaram sobre necessidade de seguir as mobilizações.

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Confira, na íntegra, a nota oficial da CSP-Conlutas.

Fonte: Fórum das ADs, com edição.

Nota oficial da CSP-Conlutas contra a desmarcação da Greve Nacional de 5 de dezembro

Hoje fomos surpreendidos com a desmarcação da Greve Nacional assinada pela cúpula de seis centrais sindicais (CUT, Força Sindical, CTB*, UGT, NCST e CSB). Isto, sem consulta prévia à CSP-Conlutas e sem consulta à suas próprias bases nos estados e nos sindicatos. Resolveram desmarcar por telefone a Greve Nacional convocada para o dia 5 de dezembro.
Isto acontece exatamente no momento em que o governo Temer está com dificuldade em conseguir o número de votos necessários para a aprovação do fim da aposentadoria dos trabalhadores brasileiros. Acontece no momento em que na base aumenta a disposição em realizar a Greve Nacional e manifestações para derrotar definitivamente a Reforma da Previdência.
Este recuo é um grave erro e ajuda somente ao governo Temer. Não conta com o apoio da CSP-Conlutas!
Este recuo significa abrir mão de uma ferramenta fundamental, que é a Greve Nacional, uma grande oportunidade de, pela ação direta, enterrarmos de vez essa reforma que acaba com a nossa aposentadoria e vem sendo articulada a base da compra de votos por um governo e um Congresso Nacional corruptos a serviço da burguesia desse país.
A CSP-Conlutas chama a todos os sindicatos e organizações de base a se manterem mobilizados e realizarem assembleias, protestos e manifestações, a manterem a pressão sobre os deputados nas casas e aeroportos. Não vamos baixar a guarda!
O governo recuou apenas por uma semana, e se for colocar em votação a reforma, chamamos a todos os sindicatos e organizações a paralisarem o país imediatamente. Só a luta unificada e uma Greve Geral podem derrotar o governo Temer e esse congresso de corruptos!
Se quiserem votar, o Brasil vai parar!

Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas

*A CTB publicou nota oficial afirmando discordar da posição da maioria das centrais sindicais na nota que desmarca a Greve Nacional de 5 de dezembro.

Leia também a nota de repúdio do ANDES-SN sobre o cancelamento da greve nacional.

Docentes da Ufba são ameaçados por conta de suas pesquisas

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Três docentes da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e uma estudante de mestrado foram recentemente ameaçados por conta da temática das pesquisas que realizam. Uma das docentes, que participa do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher (Neim), grupo de estudos sobre gênero e sexualidade criado em 1983, foi ameaçada de morte por meio de mensagens na internet.

Em resposta às ameaças, a comunidade acadêmica da Ufba se mobilizou. Nesta quarta (22), pela manhã, mais de 300 docentes, estudantes e técnico-administrativos – em greve – realizaram uma manifestação de solidariedade às quatro pessoas ameaçadas. Um grande ato público em defesa da universidade e da democracia está sendo organizado para os próximos dias. A manifestação deve ser articulada com outros setores da sociedade, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

“Alguns setores estão indo para caminhos extremistas, espalhando o ódio, já que não encontraram soluções e querem culpar o outro: o negro, a mulher e os LGBTs, que podem exercer sua visibilidade dentro da universidade”, ressalta Carlos Zacarias, professor do departamento de História da Ufba e um dos organizadores da manifestação, em entrevista ao Jornal A Tarde.

A reitoria da Ufba se manifestou oficialmente sobre o caso, criticando os ataques. “Em episódios recentes, verificamos ameaças de morte e outros tipos de violência contra uma de nossas docentes, pesquisadora do Neim; a tentativa de impedimento de defesa de uma dissertação de Mestrado de aluno do IHAC (Instituto de Humanidades, Artes e Ciências), tendo que solicitar a segurança da própria Universidade; e a perseguição e ridicularização nas redes sociais de projetos de pesquisa e extensão que versam sobre essas temáticas”, destaca o reitor da Ufba, João Carlos Salles, em nota. A polícia está investigando as ameaças, buscando identificar os responsáveis.

Com informações de Ufba, Jornal A Tarde e Correio 24 Horas. Imagem de Lana Bleicher.

Fonte: ANDES-SN

A POLÍTICA DE ARROCHO SALARIAL E O DESMONTE DAS UNIVERSIDADES ESTADUAIS DA BAHIA

Charge ADUFS
Charge ADUFS

A POLÍTICA DE ARROCHO SALARIAL E O DESMONTE DAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS ESTADUAIS DA BAHIA

Há mais de dez meses o Fórum das ADs, que congrega as quatro Associações Docentes das Universidades Estaduais Baianas (UEBA), protocolou sua pauta de reivindicações junto ao Governo do Estado da Bahia. No entanto, o Governo nega a possibilidade de reunir-se para tratar das reivindicações (orçamento para as Universidades, direitos trabalhistas e reposição das perdas salarias), demonstrando descaso com as (os) professoras (es) que insistem na necessidade de abertura de negociação.

Isso se dá no momento em que o Governo anuncia o crescimento da arrecadação e o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) baiano acima da média brasileira. A Bahia cresce quase dez vezes mais que o Brasil, segundo o próprio governo da Bahia. A análise do PIB do segundo trimestre de 2017 comprova que a elevação foi de 1,9%, enquanto no mesmo período o país teve um aumento de apenas 0,2%. Mesmo diante desse cenário, o governo impõe um estrangulamento orçamentário para as UEBA.

Além disso, de acordo com dados do Relatório de Gestão Fiscal da Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia, referente ao segundo quadrimestre de 2017, o governador gastou em despesas com pessoal 41,79% da Receita Corrente Líquida. O que é um valor bem abaixo dos 46,17% do limite prudencial imposto pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), o menor desde 2014. Mesmo com margem orçamentária, o governo se nega a abrir uma negociação e dialogar com as (os) docentes.

Nos últimos dois anos, as (os) professoras (es) universitárias (os) acumulam perdas salariais de 20%, em função da não reposição da inflação. Além disso, o Estatuto do Magistério Superior é desrespeitado pelo Governo, que não cumpre os direitos trabalhistas de milhares de docentes. Lutamos contra o arrocho salarial em defesa dos direitos trabalhistas.

A crise orçamentária das Universidades das Estaduais imposta pelo governo da Bahia já passa do limite! No período de 2013 a 2016, segundo estudos realizados pelo Fórum das ADs, as UEBA acumularam redução de R$ 213 milhões no orçamento de manutenção, investimento e custeio. Faltam equipamentos e materiais básicos em laboratórios de ensino, de pesquisa e em sala de aula. Bolsas estudantis são pagas com atraso, cortadas ou têm seus valores reduzidos. Políticas de permanência estudantil sofrem cortes ou são alteradas para economizar recursos, o que contribui para a evasão dos estudantes. O repasse dos atuais 5% da Receita Líquida de Impostos (RLI) é insuficiente para atender as demandas das Universidades e, ainda assim, passa por contingenciamento do governo. Nossa luta é pelo aumento para 7% da RLI.

As UEBA são patrimônio da sociedade baiana. Patrimônio conquistado com muita luta e suor da população. As Instituições são responsáveis pela formação de mais de 60 mil estudantes, produzem novos conhecimentos, desenvolvem pesquisas importantes para o desenvolvimento socioeconômico regional e nacional através da interiorização do ensino, pesquisa e extensão. Prestam, há décadas, serviços fundamentais à população de todo Estado. Diante dessa importância, o Fórum das ADs tem cobrado a realização de audiência pública na Comissão de Educação, Cultura, Ciência, Tecnologia e Serviços Públicos da Assembleia Legislativa da Bahia para discutir a situação das Universidades. Apesar dessa solicitação, feita desde o dia 25 de julho deste ano, os deputados estaduais sequer dignaram-se a marcar uma simples audiência para discutir os reais problemas da educação na Bahia. O Fórum repudia a postura dos parlamentares, que dificultam e impedem o debate de questões fundamentais para o povo baiano. A situação denuncia a falta de compromisso dos parlamentares com a educação pública.

Diante do descaso do Governo da Bahia, a categoria docente está mobilizada e já aprovou indicativo de greve na Uefs, Uesb, Uesc e Uneb. Manifestamos, mais uma vez, a disposição para abrirmos um canal de diálogo com o governo do Estado e evitarmos um possível impasse. Ao mesmo tempo, o Fórum das ADs conclama o povo baiano a participar desta luta e dizer: NÃO AO ARROCHO SALARIAL, AO SUCATEMANETO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS E AO DESMONTE DAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS ESTADUAIS DA BAHIA!

Bahia, 29 de outubro de 2017
Fórum das Associações Docentes da Uefs, Uesb, Uesc e Uneb
Andes – Sindicato Nacional
Central Sindical e Popular – Conlutas

Para ter acesso à nota publicada no jornal clique aqui.

NOTA DA DIRETORIA DO ANDES-SN

REPÚDIO À REITORIA DA UFPR POR SE MANIFESTAR PELO CORTE DO PONTO DO(A)S SERVIDORE(A)S EM GREVE

A conjuntura acirrada de ataques à(o)s trabalhadore(a)s, a retirada de direitos orquestrada pelo governo Temer, em nome do ajuste fiscal, exige da classe trabalhadora reação à altura. Trabalhadores e trabalhadoras do serviço público e da iniciativa privada não podem aceitar passivamente o avanço arrasador da exploração promovida pelo capital para obtenção do lucro.

A Constituição Federal, em seu art. 9º, e a Lei nº 7783/1989, garantem o direito de greve. Esse direito foi conquistado por meio de muita luta dos sindicatos e movimentos sociais. A greve é instrumento de luta caro à classe trabalhadora, que, na maioria das vezes, é alijada do processo de negociação. A regulamentação do direito de greve realizada nos últimos tempos pelo STF atinge o(a)s trabalhadore(a)s, na prática, retirando direitos. No caso das greves do(a)s servidore(a)s público(a)s docentes, sempre houve a compreensão que não cabe o corte do ponto na medida em que há reposição das atividades acadêmicas. Isso sempre aconteceu também no caso do(a)s Técnico(a)-Administrativo(a)s que, no processo negocial, apresentaram propostas de reposição de carga de trabalho.

Vivemos, presentemente, uma nova greve do(a)s Técnico(a)-Administrativo(a)s das IFES que saem na frente lutando contra toda sorte de medidas regressivas em forma de leis, MP e outros instrumentos, que apontam para a destruição do serviço público e privatização e terceirização da universidade pública brasileira. Há hoje em torno de 29 instituições nas quais o(a)s servidore(a)s  aderiram à greve da FASUBRA. A reitoria da UFPR, de forma imperativa e autoritária, encaminhou às chefias da UFPR, a Nota nº 00289/2017/GAB/ PROC/PFUFPR/PGF/AGU, com o seguinte conteúdo:

“a Administração Pública deve fazer o “corte do ponto” dos servidores grevistas. Portanto, restou agora definitivamente afastada qualquer dúvida da legitimidade do não pagamento a servidores grevistas, bem como o dever de a Administração proceder a esses descontos de ofício (…)”
“Pelo exposto, oriento à Administração da UFPR que em caso de ausência de servidores públicos em razão do exercício do direito de greve deve ser efetuado o corte do ponto (…)”.

Com o envio dessa nota a reitoria da UFPR passa a responsabilidade e pressiona as chefias de departamentos e direção de setores sobre o corte de pontos, quando afirma que o(a)s gestore(a)s que não repassarem a relação do(a)s servidore(a)s grevistas poderão sofrer exoneração ou dispensa da titularidade da chefia imediata, o que pode ser interpretado como um caso de assédio moral.

Diante disso, a diretoria do ANDES-SN manifesta repúdio à atitude do Reitor da UFPR, por se utilizar do referido expediente para coibir o direito de greve do(a)s funcionário(a)s organizado(a)s pelo SINDTEST, ao mesmo tempo em que solicita a retirada da referida nota e a instalação imediata de mesa de negociação para se discutir essa questão.
Brasília, 16 de novembro de 2017
DIRETORIA DO ANDES-SN

 

Fonte: ANDES-SN

Produtivismo docente pode adoecer, matar e até levar ao suicídio

imp-ult-832765232O recente suicídio de um doutorando da USP, dentro do laboratório em que trabalhava no Instituto de Ciências Biomédicas, trouxe à tona questões que, embora frequentes, são pouco discutidas. Problemas vivenciados no dia a dia dos docentes e pesquisadores das universidades públicas, como as precárias condições de trabalho, o adoecimento do trabalhador e até o tabu do suicídio necessitam ser debatidos junto à sociedade. A discussão qualificada dessas questões é considerada um caminho à prevenção.

Excesso de carga horária, falta de infraestrutura adequada, pressão para cumprir prazos, ambientes insalubres, assédios morais e sexuais, baixa remuneração, entre outros, são problemas a que professores estão expostos cotidianamente. Quando o foco são os docentes da educação pública superior, soma-se a questão da imposição do produtivismo acadêmico, fruto, sobretudo, das políticas desumanas dos órgãos responsáveis pelos financiamentos das pesquisas. Dois desses exemplos são o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

A grave questão ganha contornos trágicos quando inserida no atual contexto político, em que medidas neoliberais, empregadas pelo governo de Michel Temer, como as reformas trabalhistas, da previdência e a Lei das Terceirizações, cortam direitos trabalhistas e sociais. Diante do cenário amplamente desfavorável, torna-se de fácil compreensão a análise da Organização Internacional do Trabalho (OIT), a qual identifica docência como a segunda profissão com a maior probabilidade a desenvolver doenças.

Produtivismo

Pesquisa divulgada pelo ANDES-SN e pela Associação dos Docentes da Universidade Federal do Pará (Adufpa Seção Sindical), de 2014, evidenciou que condições de trabalho adversas, oriundas da imposição do produtivismo acadêmico, podem levar docentes ao adoecimento mental. De 2006 a 2010, de todas as solicitações de afastamentos de professores do trabalho na Ufpa, 14,13% foram por questões relacionadas à saúde mental. A pesquisa “Trabalho Docente e Saúde: Tensões da Educação Superior” foi coordenada pelo médico e professor Jadir Campos (Ufpa).

Com atuação na área da saúde há 34 anos, o pesquisador João Fernando Marcolan, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) analisa que a competição instalada entre docentes pelo sistema produtivista, imposta por Capes e CNPq, é motor para o sofrimento psíquico. Além disso, leva a sentimentos de inferioridade, incapacidade e incompetência.

“O sistema é perverso, pois não há verbas para todos, determinados grupos de pesquisa ficam com boa parte das verbas, não há isonomia de tratamento para as diferentes regiões brasileiras e suas necessidades específicas, o mérito é muito subjetivo por parte do avaliador, há interesses políticos-ideológicos em escolhas. Enfim, caso o docente não perceba as engrenagens do sistema ainda toma para si a culpa de não ter obtido sucesso em sua aventura de não perecer. Caso saiba das engrenagens, resta o sentimento de impotência e frustração”, afirma Marcolan.

As consequências do produtivismo para a saúde do docente são ainda mais impactantes em quem atua na pós-graduação. Essa é uma das análises do artigo científico “Professores do ensino público superior: produtividade, produtivismo e adoecimento”, publicado em 2013, pela Universidade Psychol, de Bogotá, Colombia. De autoria de Izabel Cristina Borsoi (Universidade Federal do Espírito Santo) e Flavilio Pereira (Instituto Ideias Vitória), o trabalho teve como base uma pesquisa realizada, entre 2009 e 2010, com docentes da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

De acordo com a pesquisa da Ufes, dos 80 docentes que informaram ter procurado ajuda médica e/ou psicológica, 62,5% pertenciam a programas de pós-graduação. Mais de 80% também informaram sofrer de enxaqueca, cistite e crises gástricas.

O artigo de Bolsoi e Pereira explicita o papel que o docente foi obrigado a assumir diante do processo produtivista. “O professor passou a assumir um leque de tarefas não só qualitativamente distintas, mas também, e principalmente, impactantes em termos quantitativos. É essa nova dimensão do trabalho que faz com que o docente não consiga estabelecer limites para sua jornada de trabalho, sendo forçado a invadir o tempo da vida privada com demandas laborais”.

Sucateamento

imp-ult-1554222009Para Caroline Lima, a diretora da Aduneb Seção Sindical e do ANDES-SN, parcela dos docentes se tornam reféns das imposições das agências de fomento, devido às políticas estaduais e federal de sucateamento das universidades públicas. Sem orçamento e recursos para custeio e investimento, as administrações das instituições de ensino superior delegam aos docentes a tarefa de captar recursos a suas pesquisas e laboratórios. A excelência profissional se atrelou à publicação, como se o trabalho intelectual fosse um produto resultado de um trabalho em série, sem reflexão, só tecnicista. A atividade docente dentro do capitalismo não deixa espaço para o lazer.

Caroline Lima reforça a denúncia sobre o problema da competitividade gerada pela falta de orçamento e a necessidade do produtivismo. O processo de competição vem como consequência da mercantilização do trabalho docente. A educação foi transformada em mercadoria, a produção intelectual em produto, em resultado. “Com o novo marco legal da ciência e tecnologia, a produção intelectual tornou-se mercadoria. Isso acirra as relações de poder dentro das universidades. Precisamos fomentar espaços de sociabilidade para a categoria e também a solidariedade entre nós, assim poderemos vencer o clima de disputa que tanto prejudica a luta de classes”, comenta a diretora.

Burnout

A síndrome de Burnout é caracterizada pelos especialistas ouvidos pela reportagem como uma das principais doenças que surgem como consequência do produtivismo. O problema acontece principalmente a partir do esgotamento profissional, da tensão no ambiente de trabalho e estresse crônico. A síndrome tem como de seus principais efeitos a depressão.

Suicídio

Embora a questão traga incômodo à sociedade e ao universo acadêmico, casos mais graves de adoecimento docente e depressão podem levar o professor ao suicídio. A questão, embora seja tabu, segundo os especialistas, precisa ser discutida para que possa ser prevenida. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho, a depressão é o principal fator de risco associado ao comportamento suicida. O professor da Unifesp, João Marcolan, define por comportamento suicida “Ter ideias de se matar, planejamento para se matar, tentativas que não resultem na própria morte e o suicídio”.

A reportagem não encontrou pesquisas específicas sobre o suicídio de docentes da educação pública superior. O pesquisador Marcolan, após afirmar também não conhecer pesquisas sobre o tema, alertou que a própria ausência de dados é um indicativo que o comportamento suicida ainda causa incômodo na sociedade brasileira. Para o docente, as informações ficam escondidas e subnotificadas em meio aos dados da população geral. “Percebe-se que o preconceito é ainda maior quando se trata dos estratos sociais não vulneráveis e considerados bem-sucedidos”, comentou.

Para além da ausência das pesquisas que mensurem o problema, o fato é que o suicídio na categoria docente existe e pode ter índices assustadores de frequência. Um levantamento feito pela reportagem junto às associações docentes das universidades estaduais baianas, evidenciou que, apenas nos últimos três anos, ocorreram quatro casos de suicídio de professores da Uneb e três na Uesb. Acredita-se que em algumas das ocorrências, o adoecimento que levou à morte, também possa ter sido agravado por preconceitos sociais, a exemplo da LGBTfobia.

Em dados gerais, baseado no relatório da Organização Mundial de Saúde, o Brasil é apontado como o 8º país em incidência de suicídio no mundo, com mais de 11 mil registros anuais. No planeta todo, mais de um milhão de pessoas tiram a própria vida durante o ano, isso significa uma morte a cada 40 segundos.

Isolamento

imp-ult-252005176O psicólogo e professor Samir Mortada, trabalha no Ifba de Salvador, local que, em setembro deste ano, outro docente também cometeu suicídio. Mortada explica que o suicídio, geralmente, acontece devido a uma somatória de fatores, de problemas que, juntos, fazem com que a pessoa entenda que a única saída seja desistir da vida. Para o psicólogo, o conflito pessoal geralmente ainda tem como pano de fundo o isolamento social. Quando as pessoas não se sentem protegidas a partir das ações políticas, das ações organizadas e coletivas, a pressão recai mais forte sobre o indivíduo. Ele tenta lidar sozinho com os problemas e, portanto, geralmente de uma maneira mais frágil. O resultado é que dentro da complexa sociedade atual os indivíduos estão cada vez mais isolados, mesmo dentro de casa se isolam em seus celulares, computadores, em si mesmos. Assim, os vínculos interpessoais são enfraquecidos. Nesse modelo, partilhar tristezas, problemas é algo cada vez mais difícil.

“Quem sofre o problema, a depressão, vê como fraqueza pessoal, não quer incomodar. A tristeza não é bem vista publicamente. Pensar a tristeza é algo desvalorizado do ponto de vista social, então, se vive o problema sozinho. Com a piora das condições de trabalho, isso se torna mais um fator agravante”, comenta Samir Mortada.

Preconceito

Como já citado na reportagem pelo psicólogo do Ifba, o processo de adoecimento que resulta em comportamento suicida, geralmente, é multifatorial. Assim, além dos problemas profissionais, outras questões ainda agravam o quadro. Nesse cenário, é comum que pessoas pertencentes a grupos minoritários e oprimidos, a exemplo de LGBTs, negras e mulheres, sejam ainda mais prejudicadas.

Caroline Lima defende a tese de que o preconceito, também dentro da academia, seja um forte agravante de quadros de comportamento suicida. Com base no processo histórico, ela explica que a universidade brasileira não foi pensada para as minorias. No século XIX, as faculdades eram formadas apenas por homens, brancos e filhos da elite. A homossexualidade foi tratada como doença até a década de 1990, e como crime até o início do século XX. Tais questões, que precisam ser combatidas, estão até hoje enraizadas na academia e são levadas à frente por grupos conservadores.

“Enquanto não reconhecermos que assédios, LGBTfobia, machismo, racismo e sexismo matam, assim como a exploração do trabalho, vamos continuar assistindo colegas tirarem a própria vida por não suportarem mais sentir a dor causada pelo preconceito”, comenta a diretora do ANDES-SN, que também é historiadora.

Prevenção

Quanto à prevenção ao adoecimento docente e todas as suas possíveis consequências, de acordo com os entrevistados, é necessário caminhar por dois campos distintos. O primeiro ponto, defendido tanto por Marcolan (Unifesp) quanto por Mortada (Ifba), é a ampla discussão do problema, de maneira qualificada e adequada na sociedade; a criação e ampliação de espaços de escuta para o suporte social aos indivíduos em risco; a formação de agentes sociais (professores, religiosos, líderes comunitários etc) para atuarem na prevenção e qualificação dos profissionais da saúde para atendimento desses casos; além da prática da vida saudável, prezando por alimentação, descanso, recreação, atividades físicas etc.

Já o segundo campo diz respeito à atuação política. Para Caroline, culturalmente, a prática docente foi constituída como a profissão do cuidado, responsável pela formação dos sujeitos. Esses elementos culturais criaram no imaginário que ser professor é ser intelectual, mas não um trabalhador. Diante disso, é necessário investir em espaços de formação política para apontar os problemas presentes na universidade e nas condições de trabalho.

Quem procurar

Centro de Valorização da Vida (CVV) – atendimento realizado por internet e telefone. O único custo é o da ligação local. Voluntários estão disponíveis 24h por dia para quem precisar conversar sobre os problemas enfrentados. Telefone: 141 / site https://www.cvv.org.br

Com edição do ANDES-SN e imagens e ilustrações de redes sociais.

Fonte: Aduneb-SSind

10 DE NOVEMBRO – DIA NACIONAL DE LUTA E PARALISAÇÕES EM DEFESA DOS DIREITOS TRABALHISTAS

 

Convocação do Fórum das ADs
Convocação do Fórum das ADs

 

Sexta-feira (10) será um dia luta em defesa dos direitos e contra as reformas trabalhista e da previdência.  A mobilização nacional é um chamado unitário entre as centrais sindicais e ocorrerá às vésperas da entrada em vigor da Contrarreforma Trabalhista, que oficialmente passará a valer a partir do próximo sábado (11). Os docentes das Universidades Estaduais da Bahia (Ueba) irão apoiar e participar dos protestos, mesmo não havendo paralisação das atividades acadêmicas. O Fórum das ADs convoca toda a comunidade acadêmica para endossar as mobilizações e fortalecer a resistência.

A pauta que unifica a mobilização é a luta contra agoverno Michel Temer (PMDB) e suas reformas. A reforma trabalhista é uma medida que acabará com direitos históricos. São mais de 100 alterações feitas na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) que implicam em alterações da jornada de trabalho, redução de salários e piora nas normas de saúde e segurança. Essa reforma, assim como a da previdência, representam um retrocesso histórico nos direitos e nas condições de trabalho no país.

Confira o panfleto do Fórum das ADs do dia 10 de Novembro.

A expectativa é que a próxima sexta (10) seja mais um forte dia de luta em todo Brasil e que impulsione a construção de uma nova Greve Geral de 24 horas. A Central Sindical e Popular (CSP-CONLUTAS), junto com outras diversas centrais e entidades do país, estão convocando a mobilização nas fábricas, locais de trabalho e mobilizando locais com grande circulação de pessoas, como terminais de ônibus. A proposta da Central é intensificar as atividades de divulgação e o chamado à mobilização. Veja abaixo a agenda de lutas da Bahia.

Camaçari
04h – Paralisação no Polo Petroquímico e nas indústrias da região de Camaçari

Salvador
06h – Manifestação na entrada da Lapa, ao final do Dique do Tororó
10h – Concentração no Campo Grande para passeata com destino ao Comércio
13h – Ato em Frente ao INSS no Comércio

Feira de Santana
7h30 – Panfletagem no pórtico da Uefs
15h – Concentração do ato na praça Nordestino

Alagoinhas
7h – Concentração do ato em frente à prefeitura (Centro)

Vitória da Conquista
9h – Panfletagem nos campi da Uesb

Itabuna
15h – Concentração no ato na Praça do Jardim do O seguida de caminha com panfletagem pela Avenida Cinquentenário

Tarifaço do governo Temer deixa preço do gás e da luz nas alturas, afetando principalmente os mais pobres

Desde às 0h do último domingo (5), o gás de cozinha (GLP) envasado pelas distribuidoras em botijões de até 13 kg, estão mais caros 4,5% em média. O aumento foi informado pela Petrobras, na sexta-feira (3). É o quinto reajuste consecutivo anunciado desde o mês de junho, acumulando um aumento no preço do produto de 54%.

 

 

Segundo a Petrobras, o ajuste foi feito principalmente em razão da alta das cotações do produto nos mercados internacionais, “influenciada pela conjuntura externa e pela proximidade do inverno no Hemisfério Norte, além da variação do câmbio”, informou em nota.

Com o reajuste, é possível encontrar um botijão de 13kg pelo absurdo preço de R$ 80 nas revendas. Um verdadeiro assalto!

A política de reajuste de preço da Petrobras para o gás de cozinha se assemelha com o praticado em relação aos combustíveis. Pelas novas regras, a empresa pode estabelecer o aumento ou redução diária no preço dos combustíveis e do gás, levando em consideração, entre outros fatores, a oscilação do preço do produto no mercado internacional. A gasolina acumula alta de 23,92% desde julho.

Tarifaço atinge em cheio o trabalhador

O aumento de preços de tarifas administradas pelo governo, diretamente ou através das estatais, estão atingindo em cheio o bolso do trabalhador. O “tarifaço” do governo Temer inclui também nos últimos meses o aumento da conta de luz.

A conta de energia elétrica já está mais cara a partir deste de novembro, pois a bandeira tarifária vermelha 2, em vigor este mês, também sofreu um aumento de 43%, passando de R$ 3,50 para R$ 5 a cada 100 kWh consumidos.

Esses reajustes impostos pelo governo atingem em cheio os trabalhadores, principalmente a população mais pobre, que vê o custo de vida aumentar assustadoramente. O aumento do gás de cozinha, da energia, dos combustíveis tem várias consequências, por exemplo, deixando mais caros os alimentos e o transporte.

O fato é que Temer segue com uma política econômica para beneficiar e atender os interesses dos setores privados, e as privatizações de várias estatais, como a própria Petrobras e a Eletrobras, que também estão nos planos do governo, tendem a piorar ainda mais essa situação e o aumento do custo de vida para o povo.

Em recente entrevista à CSP-Conlutas, o economista do Ilaese (Instituto Latino-Americano de Estudos Sócio-Econômicos) Gustavo Machado denunciou que a atual política da Petrobras visa garantir lucros aos acionistas privados, em grande parte estrangeiros, que já controlam as ações da empresa.

“A Petrobras hoje é controlada administrativamente pelo governo, mas a maioria de suas ações está na Bolsa de Valores, portanto, tem de garantir lucros e dividendos aos acionistas privados. Por isso, tem que se vender o combustível seguindo os critérios do mercado internacional e um furacão no Golfo do México afeta aqui no Brasil. Fosse, de fato, uma empresa estatal a serviço de suprir o consumo nacional, não precisaria esse aumento. Ao contrário, poderia se vender combustível muito mais barato, para garantir transporte e outras necessidades a preços acessíveis à população”, disse o economista.

Colocar para fora Temer e os corruptos do Congresso, bem como a luta contra as privatizações e por uma política econômica que esteja a serviço de garantir as necessidades dos trabalhadores e dos mais pobres também são bandeiras do Dia Nacional de Lutas em Defesa dos Direitos no próximo dia 10/11. Vamos às ruas!

PEC que acaba com gratuidade na graduação em universidades públicas chega à Câmara

Chegou à Câmara dos Deputados a Proposta de Emenda à Constituição que permite que as universidades públicas cobrem de estudantes com condições financeiras de arcar com os custos do ensino. A PEC 366/17 é de autoria do deputado Andres Sanchez (PT-SP) e aguarda relator na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, que irá analisar a admissibilidade da matéria.

A proposta altera o artigo 206 da Constituição Federal, prevendo que “o pagamento dos custos do ensino superior ministrado nos estabelecimentos oficiais será proporcional ao nível socioeconômico do estudante, admitida a possibilidade de pagamento sob a forma de prestação de serviço profissional, nos termos da lei, e assegurada a gratuidade para o estudante que tenha cursado o ensino médio completo em escola pública ou como bolsista integral em escola particular”.

Jacqueline Rodrigues Lima, 1ª vice-presidente da Regional Planalto do ANDES-SN e da coordenação do Grupo de Trabalho em Política Educacional (GTPE) do Sindicato Nacional, lembra que essa PEC não é a primeira tentativa de se implementar a cobrança de mensalidade na graduação em universidades públicas. Ela cita como exemplo o Projeto de Lei do Senado (PLS) 782/2015, apresentado pelo então senador Marcelo Crivella (PRB/RJ), que estabelece que o estudante de instituição pública de ensino superior, cuja renda familiar seja superior a trinta salários mínimos, deverá pagar anuidade, correspondente à média do custo per capita dos alunos matriculados no mesmo curso. O PLS também está em tramitação, aguardando designação de relator na CCJ do Senado.

A diretora do ANDES-SN afirma que a PEC 366/2017 é mais um ataque à educação pública, apresentada como uma alternativa à crise das IES, num momento de aprofundamento dos cortes de recursos destinados à Educação Federal. “O que estão fazendo é aproveitando o momento da crise para intensificar essas medidas de ataques às universidades. Tanto essas propostas – de PEC e PL de cobrança de mensalidade – quanto os projetos que estão em tramitação dos fundo patrimoniais, que criam entidades de natureza privada para fazer gestão dos recursos financeiros da universidade, são estratégias para ampliar a mercantilização da universidade e as estratégias de exclusão”, comenta.

Jacqueline alerta, ainda, para o risco de mudanças nos processos seletivos nas universidades públicas, caso a cobrança de mensalidades seja liberada. “As formas de acesso vão começar a se modificar, e, o pouco avanço que tivemos em relação às cotas, em especial aos estudantes que vêm de escolas públicas, vai ser reduzido, para se ampliar a possibilidade de ingresso de estudantes que paguem mensalidade. Infelizmente, esse é o contexto. Ampliar ainda mais a exclusão, que já existe nas universidades públicas no Brasil”, ressalta.

Fim da gratuidade na pós-graduação
Em abril desse ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a cobrança de mensalidades, por universidades públicas , para a realização de cursos de pós-graduação lato sensu. A decisão, referente a um recurso extraordinário da Universidade Federal de Goiás (UFG), foi tomada depois da Câmara dos Deputados ter arquivado, em votação em segundo turno, a PEC 395/14, que buscava regulamentar tal cobrança.

 

Fonte: ANDES-SN

Em audiência, comunidade acadêmica critica cortes orçamentários nas IES

imp-ult-1700710144Representantes dos docentes, técnico-administrativos, estudantes, e reitores de universidades públicas criticaram, em audiência pública realizada na quinta-feira (26) na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, os sucessivos cortes orçamentários nas instituições de ensino superior (IES) públicas e, em especial, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), o que, segundo eles, têm comprometido o funcionamento das IES públicas desde 2014, quando o governo federal passou a restringir os repasses às instituições.

Eblin Farage, presidente do ANDES-SN, afirmou que os cortes de verbas atingem diretamente o tripé ensino, pesquisa e extensão, no corte de bolsas de iniciação científica e no fim dos projetos de extensão. Eblin explicou que os ataques às universidades vêm desde a década de 90, com projetos de contrarreforma do Estado apontando para a privatização e mercantilização da educação. Confira aqui o vídeo da intervenção.

“Os cortes na área da Educação pública superior, nos últimos três anos, ultrapassaram R$ 3 bilhões deixando a iniciativa privada de fora, demonstrando que o projeto de Educação que os governos defendem é um modelo que intensifica as parcerias público-privadas, subordinando a produção do conhecimento das universidades ao interesse exclusivo do mercado”, disse. Para ela, as recentes imposições de regras para professor voluntário e a cobrança de cursos de pós-graduação lato sensu são mais uma forma de mercantilizar e precarizar a educação.

“Nós, do ANDES-SN, somos radicalmente contrários a isso, pois entendemos que a educação pública é um direito e conquista da população e não existe no mundo exemplo de nação que construiu a sua autonomia que não fosse com a defesa da educação 100% pública, gratuita e de qualidade e socialmente referenciada, e que produza conhecimento a partir dos interesses da sociedade”. A presidente do ANDES-SN citou a importância das emendas parlamentares destinadas ao aumento de verbas das universidades, mas que, para ela, são insuficientes. “Política pública não pode ser balcão de negócios”, criticou.

Reinaldo Centoducatte, reitor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), contou que desde 2014 há uma queda no orçamento destinado as instituições, e que o orçamento deste ano é menor que o de 2013. O reitor apresentou dados que mostram uma redução de 86% nos investimentos (sem contar salários e custeio) previstos no orçamento do ano que vem, em comparação com o orçamento de 2017, para as instituições federais. Para ele, é preciso modificar a legislação que trata da questão da arrecadação. “Hoje a arrecadação da universidade entra no orçamento global e os limites são nivelados para o orçamento da universidade. Como o contingenciamento, a universidade pode até captar recursos, mas não pode utilizá-los. As universidades precisam brigar dentro do próprio sistema”, ressaltou.

Marcos Cordeiro, estudante e vice-presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Ufes, contou da realidade da sua universidade, que possui 25 mil estudantes. Destes, 22% são beneficiários do Plano Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes). “O perfil do estudante que recebe bolsa em sua maioria é composto por mais de 60% mulheres, e mais de 60% destes estudantes são negros, pardos e indígenas. Cortes nas bolsas afetam não só os estudantes, como todo o Estado”. O estudante relatou que a situação é precária também nos restaurantes universitários e na infraestrutura da instituição.

Uerj

A situação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) também foi debatida em audiência. Para os palestrantes, a Uerj foi a primeira universidade a implantar cotas e abrir vagas para cursos noturnos e é referência em todo o país no que diz respeito ao ensino, pesquisa e extensão e, portanto, não poderia estar passando por essa situação de abandono.

Rodrigo de Azevedo dos Reis, tesoureiro da Associação dos Docentes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Asduerj-Seção Sindical do ANDES-SN), criticou os duros ataques feitos a Uerj nos últimos anos e o argumento de diferentes governos de que a instituição seria onerosa ao Estado. “De 2008 a 2016 ocorreu um aumento considerável nos gastos em segurança pública, em R$ 9 bilhões, que é uma política ineficaz. Na área da Educação, em 2008, se gastou mais em educação do que nos últimos três anos, em valores não corrigidos pela inflação. E quando falamos em dívida pública do estado, de 2010 a 2015, ela quase que dobrou, está em R$ 108 bilhões”, afirmou. “A Uerj, em 2015, só representou 2,07% do Orçamento do estado, o que está longe de ser um vilão. O problema do Rio de Janeiro é a falta de receita”, completou. Reis contou que no ano passado mais de 500 terceirizados da limpeza foram demitidos da Uerj, sem aviso-prévio, e sem receber os sete meses de salários atrasados.

Ana Carola, vice-presidente da Asduerj-SSind., falou da urgência em se denunciar a situação da Uerj e propor soluções. “O que nos aguarda para os próximos 30 anos? É importante ter um financiamento garantido para a universidade se planejar”, disse. Os docentes da Uerj estão em greve, mais uma vez, desde o dia 3 de outubro, em decorrência dos salários atrasados. O 13° salário de 2016 não foi pago até o momento e há pendências nas bolsas de pesquisas de mestrandos e doutorandos. A situação já havia motivado uma paralisação em agosto.

Para Regina de Fátima de Sousa, do Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Públicas Estaduais do Estado do Rio de Janeiro (Sintuperj), a situação no estado fluminense é “caótica”. “Estamos passando por um período que nunca imaginávamos passar. Sem condições de nos locomover, de chegar à universidade. Muitos sofrendo com os cortes de luz e água em nossas casas, com bancos nos cobrando. É uma situação humilhante”, lamentou . Os técnico-administrativos da Uerj estão em greve há nove meses. Regina ainda citou a situação do Centro Universitário Estadual da Zona Oeste (Uezo) que, segundo ela, sempre foi negligenciada, com números de cotas restritos, com a falta de um restaurante universitário e até hoje sem sede própria.

Professores e dirigentes da instituição cobraram, do governo estadual fluminense, o repasse dos chamados duodécimos do orçamento – que corresponde às doze parcelas mensais que o governo destina para os órgãos públicos que não têm renda própria -, para um planejamento eficiente das instituições.

Ao final da audiência, diversos parlamentares de oposição, sindicatos e comunidade acadêmica e representantes das reitorias da Uerj e Ufes reivindicaram a revogação da EC 95, mais repasses as IES e, ainda, a auditoria da dívida pública brasileira, que garantia mais recursos às universidades, entre outras medidas.

Confira aqui o vídeo da intervenção de Eblin Farage.

Com informações da Agência Câmara Notícias

 

Fonte: ANDES-SN