Bancários entram em greve nesta terça-feira e abrem caminho para as mobilizações
Estamos no mês em que categorias estratégicas do país entram em campanha salarial. Neste segundo semestre, bancários – que entraram em greve na terça-feira (6) -, petroleiros, metalúrgicos e trabalhadores dos Correios vão para cima da patronal, que já sinalizou que vai endurecer e não pretende fazer concessões, muito menos atender as reivindicações.
Diante de tal intransigência, é fundamental que as categorias em luta estejam dispostas a se unir para enfrentar a realidade de crise política e econômica e tenham força para não deixar mexerem em seus direitos e muito menos permitir que a crise sirva de desculpa para rebaixar acordos.
Por isso, está sendo chamado um Dia Nacional de Luta Unificado no dia 15 de setembro para fortalecer cada uma dessas categorias. A CSP-Conlutas estará à frente para impulsionar e buscar a unidade necessária e assim dar continuidade às ações rumo à construção da greve geral.
É importante que esses trabalhadores também engrossem esse calendário de mobilizações e a unidade frente à ameaça do governo em relação às reformas Previdenciária e Trabalhista, assim como o PLP 257 e PEC 241, para lutarmos contra as demissões (que segue como no caso da Mercedes e Embraer) e em defesa de uma pauta unitária.
A orientação é que os sindicatos da CSP-Conlutas façam assembleias para aprovar o Dia Nacional de Luta e o chamado a uma greve unificada.
Bancários – A greve começa hoje(6) em todo país. “A greve dos bancários que se enfrenta com o governo Temer e os banqueiros. Não vamos aceitar essa proposta rebaixada dos bancos que só no primeiro trimestre lucraram mais de 30 bilhões de reais”, destacou o presidente do Sindicato dos Bancários do Maranhão, Eloy Natan Silveira, que também compõe o Movimento Nacional de Oposição Bancária (MNOB). O bancário salienta que a previsão é de forte adesão à greve diante da proposta “indecente apresentada pelos banqueiros”.
Sobre a unidade com as outras categorias para a realização de uma forte mobilização no dia 15, o dirigente destaca que o empenho é grande para que esse dia se concretize. “Em vários estados estamos realizando reuniões e plenárias com as outras categorias e participado de suas respectivas assembleias. Aqui no Maranhão, os trabalhadores dos Correios participaram de nossa assembleia, assim como nós vamos participar da assembleia deles, que acontece amanhã. A unidade da categoria é importante, pois acreditamos que esse é o passo para a greve geral”, reforçou o dirigente.
Em nota, a bancária Juliana Donato, que também compõe o MNOB, destaca que os banqueiros apresentaram uma proposta vergonhosa de apenas 6,5% de reajuste, mais um abono de R$ 3 mil. A mesa especifica de negociação do Banco do Brasil não teve nenhum avanço. A inflação foi de 9,57% no período. Isso significaria uma perda salarial superior a 3% no ano.
Ainda segundo a bancária, os bancos continuam diminuindo seus gastos com folha de pagamento nos últimos anos e aumentando sua receita com cobrança de tarifas e juros.
Trabalhadores dos Correios – Essa categoria fará assembleias em todo país também na terça e já apontam nova assembleia para o dia 14 com indicativo de greve para o dia 15 de setembro.
Os ecetistas alegam que desde que começaram as reuniões de negociações, a direção da empresa (ECT) apresenta contrapropostas com ataques aos seus direitos conquistados com muita luta, e não há avanço no atendimento de suas reivindicações. Neste sentido estão dispostos a ir à greve.
Esses trabalhadores estão em luta também contra o governo Temer e direção da ECT, pois ambos querem aumentar a exploração e flexibilizar a jornada de trabalho e reduzir salários.
Petroleiros – A campanha está permeada por um forte calendário de mobilização que se estende até o dia até o dia 10, com assembleias e mobilizações (atos, atrasos, mobilizações) nas bases, além aprovaram um Dia Nacional de Luta, com paralisação, no dia 14.
Os petroleiros entregaram à Petrobrás no dia 26 de agosto a pauta reivindicatória para a renovação do ACT (Acordo Coletivo de Trabalho), cuja data-base é 1º de setembro. Além do reajuste salarial, com reposição integral do maior índice de inflação dos últimos 12 meses e ganho real de 10%, estão incluídas na pauta todas as propostas da campanha do ano passado e as que foram apresentadas e aprovadas no último congresso da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP). Entre elas a oposição à venda de ativos, que é a privatização; contra a venda do pré-sal; benefício Farmácia e AMS; nenhum direito a menos; fim das punições. O plano de ação prevê assembleias de base até o dia 15/9 para ratificar a pauta e autorizar a FNP a negociar o novo ACT, com caravanas pelas bases da FNP entre os dias 5 e 16/9.
Metalúrgicos – Os metalúrgicos da CSP-Conlutas já aprovaram a participação da categoria no 15, data da luta unificada da Campanha Salarial para aumentar a pressão sob os patrões por aumento de salários e direitos.
A decisão foi tomada na Plenária Nacional Metalúrgica da CSP-Conlutas, que aconteceu nesta sexta-feira (2), na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos. O encontro reuniu 80 metalúrgicos de dez entidades diferentes, dentre elas a Federação dos Metalúrgicos de Minas Gerais, os sindicatos dos metalúrgicos de Itajubá, São João Del Rey, Lambari, Pirapora, Itaúna, dentre outros.
A categoria expôs as dificuldades enfrentadas nas negociações da Campanha Salarial. Além de não querer dar aumento real de salários, os empresários estão propondo a retirada de direitos, como a estabilidade para lesionados, redução do adicional noturno e até o fim do café da manhã.
Os metalúrgicos da CSP-Conlutas também se posicionaram diante do impeachment da ex-presidente Dilma. Para os trabalhadores, Dilma já vai tarde, mas Temer não é a solução.
“Dilma sempre atacou nossos direitos e Temer já quer impor aos trabalhadores a idade mínima de 65 anos para aposentadoria. Para impor esse ataque, vai contar com a ajuda dos corruptos do Congresso Nacional. Por isso, precisamos colocar pra fora não apenas Temer, mas todos eles”, afirmou o presidente do Sindicato, Antônio Ferreira de Barros, o Macapá.
Não vamos pagar pela crise
Segundo dados relativos a acordos e convenções coletivas registrados no Ministério do Trabalho (MTE), no primeiro trimestre deste ano, 10,94% das negociações foram fechadas com correção inferior ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que acumulou alta de 7,68% nos 12 meses encerrados em março, segundo este levantamento.
Como comparativo, esse dado representa o triplo do registrado em igual período do ano passado, quando apenas 3,54% dos 5.031 acordos resultaram em índice menor que o INPC, na época em 5,38%.
No primeiro trimestre de 2014, os aumentos reais ficaram entre 1,82% e 2,05%, acima da inflação. Neste ano, estão decrescentes: 1,64%, em janeiro, 0,93% em fevereiro e 0,64%, em março, em média. O levantamento foi feito pelo site salários.org.br e é com base em 2.121 convenções e acordos coletivos fechados este ano, por cerca de 50 categorias com data-base entre janeiro e março.
Neste sentido, a unidade de todas as categorias para barrar esses acordos rebaixados será determinante para que os trabalhadores, diferente do que aconteceu no primeiro trimestre, não amarguem perdas.
Unidade contra todos os governos e os patrões
Vamos impulsionar uma greve geral no país, junto aos demais trabalhadores e extrapolar as pautas especificas das campanhas salariais, transformando essas ações em uma luta contra os patrões e os governos.
A tendência é que Temer em concordância com a patronal siga aprofundando os ataques do governo Dilma, para encontrar uma saída que jogue a crise nas costas dos trabalhadores. Esse governo precisa implementar a aplicação do ajuste fiscal, as reformas Trabalhista e da Previdência, pois ainda segue aberta a crise política. Além das lutas contra tais projetos, também está colocada a luta pelo “Fora Temer e todos os corruptos e reacionários do Congresso”, a central ressalta, no entanto, que não apoia a volta de Dilma.
Por tudo isso, a CSP-Conlutas convoca a todas essas categorias a transformar o dia 15 de setembro em um dia de grandes atos pelo país e unificar as datas de mobilizações.