Na noite dessa terça-feira (23), segundo dia do 37º Congresso do ANDES-SN, os docentes realizaram um ato público em defesa da Educação Pública, contra o genocídio do povo negro e contra a Reforma da Previdência. A manifestação percorreu a avenida de acesso à Universidade Estadual da Bahia (Uneb), localizada no bairro Cabula, em Salvador (BA), onde acontece o congresso.
Os delegados e observadores levaram faixas e cartazes com pautas das lutas docentes. Durante a manifestação, representantes das seções sindicais do ANDES-SN se alternavam em falas no microfone, contando da realidade de ataques aos trabalhadores em seus estados e demonstrando solidariedade à população negra soteropolitana, vítima da violência policial, e cobravam justiça aos mortos na Chacina do Cabula, que completa três anos no próximo mês. O ato foi organizado pelo Fórum das Associações Docentes (ADs), que reúne as quatro seções sindicais do ANDES-SN nas universidades estaduais da Bahia – Uneb, Uefs, Uesc e Uesb.
Chacina do Cabula
Em fevereiro de 2015, doze jovens negros, entre 16 e 27 anos, do bairro onde se localiza a Uneb, foram exterminados pela polícia com cerca de cem tiros, a maioria disparada de cima para baixo, em alvos já rendidos e sem possibilidade de reação, de acordo com relatório do Ministério Público Federal. Com surpreendente celeridade, os dez policiais envolvidos na chacina foram julgados e absolvidos pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA).
Por receio de falta de isenção do estado da Bahia no julgamento do recurso e por força da pressão dos movimentos sociais locais, o Ministério Público Federal solicitou que o caso seja julgado pela Justiça Federal. No momento, o processo espera por decisão do Superior Tribunal de Justiça.
O bairro onde se localiza a Uneb apresenta o contraste social presente nas grandes capitais brasileiras. Enquanto parte da área é alvo da especulação imobiliária, outra é ocupada por comunidades como a Engomadeira, situada atrás da Universidade, onde a população pobre sofre com a falta de infraestrutura e constante repressão policial.
Avaliação
Eblin Farage, presidente do ANDES-SN, ressalta a importância da realização do ato e do diálogo com a comunidade local. “Para nós, é muito importante, quando realizamos um evento em uma universidade pública, criarmos uma forma de nos comunicar com a comunidade do entorno, explicar porque nós estamos aqui. Como defendemos a educação pública, é fundamental interagirmos com a população local e convoca-la a participar da luta em defesa da universidade pública. Sempre que possível, é muito oportuno para nós poder fazer essa interação, pois é uma maneira de mostrarmos a nossa disposição de luta, de ir para a rua e de dialogar com a sociedade”, explica Eblin.
De acordo com Sérgio Barroso, presidente da Associação dos Docentes da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Adusb SSind.) e atual coordenador do Fórum das ADs, o ato permitiu dar visibilidade para as pautas das universidades estaduais da Bahia, para a pauta da defesa da educação pública e também para a luta contra a Reforma da Previdência . “É nas ruas que iremos barrar a Reforma da Previdência”, frisou. Ele destacou também a relevância de dialogar tanto com a população local quanto com os participantes do 37º Congresso sobre o extermínio da população negra. “O ato permitiu também dar visibilidade para a realidade do genocídio da população negra, que vem acontecendo, principalmente aqui na Bahia, e também em todo o país. Por isso, que esse ato é muito importante, para dar visibilidade para essas pautas”, concluiu.
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