A reunião bimestral da Coordenação Nacional da CSP-Conlutas teve início na manhã desta sexta-feira (1°), com o painel sobre conjuntura e plano de lutas. A pouco mais de um mês da realização do 3° Congresso da Central, os participantes destacaram a importância dessa discussão para avançar na análise da situação política e econômica do país e dar as bases para as resoluções que o Congresso definirá em outubro.
Uma política defendida por todos os presentes foi a importância e necessidade da preparação do Dia Nacional de Lutas em 14 de setembro, convocado pelos metalúrgicos e encampado pelos servidores públicos federais e outras categorias de trabalhadores. A CSP-Conlutas organizará e empreenderá todos os esforços para a realização desta data.
Ao longo do debate, além da prepatração do dia 14, diversos temas foram abordados como a crise política e a polarização social no país, os ataques do governo Temer, a correlação de forças para os trabalhadores e as tarefas para a construção de uma alternativa independente, classista e combativa para a classe trabalhadora.
A mesa foi composta por dois integrantes da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, Luiz Carlos Prates, o Mancha, que foi o primeiro a falar, e Neida Oliveira.
Mancha iniciou destacando que a situação brasileira está inserida na realidade mundial aberta com a crise econômica de 2008, a partir da qual os capitalistas, para recuperar suas taxas de lucro, deram início a uma verdadeira guerra social contra os trabalhadores. “De um lado, assistimos um brutal ataque que busca fazer com que os trabalhadores paguem pela crise, seja por parte de governos tradicionais da direta, seja por ditos governos da esquerda, reformistas e de conciliação de classes. Mas também estamos vendo uma forte resistência. Esse é o quadro da polarização social existente não só no Brasil, mas em outros países”, disse Mancha.
“Os trabalhadores brasileiros realizaram um forte processo de luta este ano, que vinha num movimento crescente desde o dia 8 de março, culminando na Greve Geral de 28 de abril e na ocupação de Brasília, mas esse processo foi literalmente bloqueado pelas direções das principais centrais, que boicotaram a Greve marcada para 30 de junho. Isso explica que apesar de toda a crise, Temer se mantém. Seja por um setor que o apoia diretamente no movimento, e por outro que não quer derrubá-lo, mas só desgastá-lo até as eleições de 2018”, falou Mancha.
Mancha, destacou, contudo, que apesar de ter aprovado a Reforma Trabalhista e ter se livrado do processo por corrupção, o governo sofre um desgaste enorme, tendo conseguido isso a custo alto com a compra de parlamentares e o desgaste do regime.
“Mais da metade da população não acredita em nada. Existe um fosso entre a sociedade e o que acontece no governo. Há uma inquietação entre os trabalhadores com as reformas, as condições de vida, o caos nos serviços públicos, a entrega do país. Portanto, a necessidade e nossa tarefa é por o movimento em ação, buscar impulsionar a luta direta”, disse. “Sem cair na cantilena da campanha Lula 20018 devemos apontar para os trabalhadores uma alternativa independente, que o movimento se destrave e atue por cima de suas direções”, disse.
“Os metalúrgicos tiveram iniciativa de marcar um dia de luta unificado para impedir a aplicação das reformas. O funcionalismo também marcou. Outras categorias, como petroleiros e construção, também aderiram. Está aberta a possibilidade do dia 14 ser um segundo momento após o boicote das centrais no dia 30 e retomar um processo de mobilização. A CSP-Conlutas deve ser o elemento consciente para esse projeto de luta”.
Neida Oliveira iniciou pontuando o papel da CSP-Conlutas desde a sua criação e o fato de que a Central nunca se deixou iludir com projetos de conciliação de classes. Destacou também que no último periodo, não houve diferenças de fundo entre as entidades que compõem a Central no que se refere à avaliação sobre a gravidade da crise econômica mundial a necessidade da resistência e o que fazer, sempre no sentido de apostar no caminho da luta.
“Mas precisamos fazer o debate da correlação de forças. 2017 é um marco da luta da classe. Fizemos a Greve Geral de 28 de abril e temos um balanço positivo da Central, que empreendeu todos os esforços para exigir das direções traidoras a unidade de ação para defender os trabalhadores. Mas a nova greve geral no dia 30 de junho, apesar de tudo que aprovamos e fizemos, não foi o suficiente para repetir a greve do dia 28. Com isso, o governo aprovou a reforma e se mantém implementando novas medidas. Temporariamente paramos a reforma da Previdência, mas ela ainda está na pauta”, disse.
“Nossa Central precisa ser obcecada pela unidade de ação. A classe não está desmoralizada, tem disposição de luta. Mas a correlação de forças é desfavorável. Então temos de pensar além de preparar dias de luta e o nosso Congresso, a CSP-Conlutas precisa ser vanguarda e parte da construção de um terceiro campo”, disse Neida.
“Não pode haver autoproclamação, temos de ser ofensivos e apontar para a construção de uma alternativa de direção para reorganizar a esquerda socialista, os sindicatos combativos, os lutadores, por que além de nós há experiências com a conciliação”, disse.
“Precisamos dialogar com as massas. Neste momento não está colocada a possibilidade da construção de organismos de poder. Precisamos de unidade de ação, fazer exigências às centrais, construir a Greve Geral e ser parte da construção de uma alternativa dos trabalhadores”, concluiu.
Diante da importância do tema, após a apresentação dos expositores, a fala foi aberta aos presentes no plenário não só durante a manhã, mas também no início da tarde. Dezenas de delegadas, delegados e observadores das bases de diversas entidades filiadas à CSP-Conlutas puderam fazer suas avaliações e também expressaram os principas temas discutidos, garantindo um debate rico sobre a conjuntura.
No domingo, a Coordenação Nacional da Central votará a resolução política com as próximas tarefas até o 3° Congresso.