Em dia de jogo do Brasil, manifestantes vão às ruas contra as injustiças da Copa

As manifestações contra as injustiças e abusos cometidos em nome da realização da Copa do mundo no Brasil continuam pelo país. Nesta segunda-feira (23), dia em que aconteceu o jogo da seleção brasileira contra a seleção do Camarões na capital federal, novos atos foram promovidos em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, entre outros.

Em Brasília, o ato organizado pela CSP-Conlutas e pelo Comitê Popular da Copa do DF reuniu cerca de cem pessoas na Rodoviária do Plano Piloto. A atividade, acompanhada por um forte aparato da força policial, contou com a presença do ANDES-SN, Sinasefe, Anel e representantes de outros movimentos sociais. Ao microfone, as lideranças dos movimentos dialogavam com a população que circulava pela rodoviária, um dos locais de onde partiram os ônibus para o estádio Mané Garrincha, ressaltando que os movimentos não são contrários ao esporte, mas sim a política de exclusão, repressão e à inversão de prioridades por parte do governo para a realização do campeonato mundial no país.

Em sua fala, Marcos Pedroso, diretor do ANDES-SN, ressaltou a importância de mais investimentos em direitos sociais e a aplicação imediata de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) em exclusivamente na educação pública. “Estamos aqui para repudiar o investimento em estádios enquanto a educação pública oferecida aos nossos filhos é extremamente sucateada. Em muitas universidades federais, os professores e técnicos trabalham sem condições mínimas de oferecer ensino de qualidade aos estudantes. Houve a expansão, mas sem investimento e o resultado é que temos universidades que não têm salas de aulas, bibliotecas, laboratórios. Algumas, não têm nem bebedouros para que professores, estudantes e técnicos possam beber água”, ressaltou. A precarização da educação pública também foi ressaltada pelos representantes do Sinasefe, que está em greve desde 21 de abril.

A péssima qualidade e o alto custo do transporte público, tanto em Brasília quanto nas demais cidades do país, assim como o descaso com a saúde pública, o direito à moradia, a repressão aos movimentos sociais e às greves dos trabalhadores de diversas categorias também foram destacados nas falas. O ato saiu da rodoviária e seguiu pelo Eixo Monumental em direção ao estádio, até o bloqueio criado pela polícia, com homens da PM, Choque e Cavalaria, cerca de 3 km antes do local do jogo. Ali, os manifestantes queimaram uma réplica da taça da Copa do Mundo. O próximo ato contra as injustiças da Copa no Distrito Federal será realizado na quinta-feira (26), às 11 horas, antes da partida entre Portugal x Gana.

10474453_332716496886502_1281894183780299182_nNo Rio de Janeiro, os atos “A festa nos estádios não valem as lágrimas nas favelas” e “Fifa go home” se uniram em Copacabana e seguiram em passeata até o Morro do Cantagalo. Em Porto Alegre, o Bloco de Lutas pelo Transporte Público também realizou um  ato em frente à prefeitura, que saiu em passeata pelas ruas da cidade contestando os gastos com a Copa do Mundo. A manifestação contou com forte presença da polícia, mas não houve confrontos.

Em São Paulo, o ato “Se não tiver direitos, não vai ter Copa” fechou a avenida Paulista. Inicialmente, a manifestação foi impedida de sair do local da concentração, na Praça do Ciclista, mas, após negociação, seguiu sem problemas até a Praça Oswaldo Cruz, e retornou ao vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp). A manifestação de ontem foi marcada pela presença ostensiva de policiais da Tropa de Choque e da Cavalaria, além de equipes em motocicletas, viaturas e a pé. Alguns policiais levavam armas nas mãos. Sobre os cavalos, soldados da PM estavam armados com sabres (espadas).Na dispersão, a Polícia Militar (PM) lançou bombas de gás lacrimogêneo em direção aos ativistas. Duas pessoas foram detidas e durante o tumulto, um policial não identificado e sem uniforme fez três disparos com arma de fogo, segundo relato dos presentes.

* Com informações da CSP-Conlutas, Agência Brasil, Mídia Ninja e portal A Nova Democracia

 

Fonte: ANDES-SN, com informações.

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