Em defesa da classe trabalhadora e contra a ofensiva conservadora
O Fórum das Associações Docentes das Universidades Estaduais Baianas (Fórum das AD´s), que congrega as quatro associações docentes (Adufs, Aduneb, Adusb e Adusc), vem por meio desta nota se posicionar sobre a grave conjuntura do país. Apresentamos nossa posição em relação à grave crise política destoando das recorrentes análises que se limitam ao jogo de dualidades, para colocar no centro do debate a classe trabalhadora brasileira e o avanço da ofensiva conservadora.
Nesta perspectiva, é importante lembrar que o Partido dos Trabalhadores, ao longo do tempo, acatou as regras do jogo e fez suas escolhas, seguindo com as políticas econômicas que sangram o país em benefício do capital financeiro, destinando quase 50% do orçamento da União para o pagamento da dívida pública. Já em 2005, o governo Lula fez a reforma da previdência, privatizando-a, o que prejudicou milhares de trabalhadores. Estas contínuas reformas da previdência tem por objetivo gerar uma massa de capital que serve para alimentar os Fundos de Pensão e os bancos com seus fundos de previdência privada. Por fim, para garantir o êxito do seu projeto de poder, aliou-se ao PMDB e se rendeu à corrupção sistêmica em nome da governabilidade.
Tal estratégia, severamente criticada pelo campo da esquerda, agora expressa toda a sua fragilidade. Além de não mais representar os interesses da classe trabalhadora, o PT, estando nos governos federal e estadual (Bahia) demonstrou incapacidade política de aplicar o ajuste fiscal na velocidade exigida pelo capital e tornou-se descartável para os setores da elite deste país. Esta, aproveitando-se da conjuntura, logo se apressou em providenciar o impedimento da presidenta Dilma Rousseff para acelerar as reformas que retiram direitos trabalhistas e sociais, fazem avançar a pauta conservadora e privilegiam o capital financeiro.
O PT, depois de passar anos despolitizando e levando a reboque de seus interesses importantes setores dos movimentos sociais, estudantil e sindical, agora sofre as consequências de suas escolhas e as impõe aos trabalhadores brasileiros. O vice-presidente Michel Temer (PMDB) anunciou que a saída para a crise passa pelas reformas previdenciária e trabalhista. O programa de governo do vice de Dilma Rousseff pode ser consultado no documento “a ponte para o futuro”, já conhecido como “a ponte para o abismo”. Já a presidenta Dilma Rousseff (PT), ainda no exercício do seu mandato, também enviou para o congresso o projeto de lei – PLP 257/2016, um acordo com os governadores de estado para a ampliação do prazo do pagamento das dívidas dos estados com a União. Entre outras medidas, prevê congelamento salarial, suspensão de concursos e demissão no serviço público. Este PLP foi encaminhado ao congresso nacional no dia 21 de abril, três dias após a realização de grandes manifestações contra o impeachment. Ou seja,o golpe contra a classe trabalhadora está em curso, independente do agente que irá operá-lo.
Enquanto a população debate apaixonadamente se é a favor ou contra o impeachment, se há golpe ou não, tramitam no congresso brasileiro 55 projetos que usurpam direitos trabalhistas e sociais. A lei antiterrorismo, aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pela presidenta, criminaliza movimentos sociais e beneficia o capital financeiro, pois diminui, segundo padrões dos organismos internacionais, o “risco país”. A “democracia” evocada para a defesa do mandato de Dilma Rousseff é a mesma que autoriza a violência estatal contra o povo pobre, negro e LGBT deste país.
Em que pese nosso repúdio à política adotada pelos governos do PT, seja no nível federal ou estadual contra os trabalhadores, a tentativa de uma saída pela direita, arquitetada pelos setores conservadores por meio do impeachment, também deve ser combatida por nós. Devemos estar armados em defesa do Estado democrático de Direito para fazê-lo avançar na construção de uma sociedade realmente justa, promotora da igualdade social e da diversidade. Devemos lutar contra todos que se inscrevem para serem os nossos algozes: sejam os setores da extrema direita, representada pelo deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e sua vil menção ao torturador Brilhante Ustra, seja o governo Dilma, Rui Costa (PT) e seus aliados. Continuaremos a combater nossos inimigos de classe e a usar as nossas bandeiras vermelhas que simbolizam uma história de luta e resistência.
Bahia, 06.05.2016
Fórum das ADs – ADUFS-ADUSB-ADUNEB- ADUSC