Os verdadeiros donos das terras vindos à frente, com o canto, a força e a dança, abrindo os caminhos da resistência, trazendo consigo milhares de pessoas de todo o mundo. Foi assim que um grupo de índios Potiguara, do interior da Bahia, iniciou a Marcha dos Povos, com milhares de pessoas, que marcou o começo do Fórum Social Mundial (FSM), na tarde dessa terça-feira (13), em Salvador (BA).
Até o próximo sábado (17), representantes de mais de 1.500 coletivos e entidades dos movimentos negro, feminista, LGBTs, indígenas, quilombolas, de luta do campo e da cidade, sindicais, estudantis, partidos, entre outros, discutirão a criação e o fortalecimento mundial de alternativas sócio-políticas ao neoliberalismo. O ANDES-SN e diversas seções sindicais somam forças à organização do FSM e participam ativamente das atividades, com a Tenda da Unidade.
Segundo os organizadores, são esperadas cerca de 60 mil pessoas, de 120 países, reunidas para debater e definir novas alternativas e estratégias de enfrentamento ao neoliberalismo, aos golpes e genocídios que diversos países enfrentam na atualidade. O FSM conta com cerca de 1.300 atividades auto-gestionadas.
Após sair do bairro de Campo Grande, por volta das 16h30, a Marcha passou pela Avenida Sete até chegar a Praça Castro Alves. Conhecida como “Praça do Povo”, local, na praça um palco com apresentações culturais e performances artísticas encerrou o primeiro dia do evento.
Por volta das 16h30, a marcha partiu do bairro de Campo Grande em direção à Praça Castro Alves, local de grandes manifestações de luta e resistência baiana no centro da capital baiana. Entre as milhares de pessoas, era possível identificar faixas de delegações de vários países como Marrocos, Itália, Venezuela, Coréia do Sul, Filipinas, Tunísia e Cuba. Em clima descontraído, além das pautas mundiais coletivas, vários grupos traziam cartazes, camisas, bonecos e outros materiais que reivindicavam pautas específicas das categorias e dos movimentos.
Em Salvador há quatro dias, Mark Erkengrek, diretor de uma organização política da Suíça, estava na marcha com a delegação de seu país. Diante do difícil cenário político mundial, de ataques à democracia e aos direitos dos trabalhadores, a expectativa do suíço é que os movimentos sociais possam fortalecer a união e, assim, “reencontrar as forças necessárias” para combater o avanço do conservadorismo. “O momento é de convergência dos movimentos sociais e outros grupos políticos, para juntarmos energia e renovar a luta”, comentou Erkengrek.
De acordo com o secretário geral do ANDES-SN, Alexandre Galvão, foi justamente a necessidade da unidade na luta que levou o Sindicato Nacional a somar forças na construção do FSM. Galvão explica que a participação no Fórum foi uma deliberação do 37º Congresso do ANDES-SN realizado esse ano.
“Nossa centralidade da luta, em 2018, é fazer a unidade com os setores combativos da sociedade para barrar as contrarreformas de Temer. Assim, o ANDES-SN vai cumprir um papel importante no Fórum, articulado com outros setores do funcionalismo público, na perspectiva de construirmos e fortalecermos a luta da classe trabalhadora e dos servidores públicos em geral”, afirmou.
Tenda da Unidade
Através da atuação conjunta de várias entidades teve origem a Tenda da Unidade. A1ª secretária da Regional Nordeste III do ANDES-SN, Lana Bleicher, explica que o espaço foi o resultado de um amplo processo de construção coletiva, iniciado logo após o 37º Congresso do ANDES-SN, realizado em janeiro.
Ainda segundo a professora, a Tenda da Unidade, além de fortalecer a ação unitária entre sindicatos e outras entidades, oferece diversas atividades com informações relevantes ao público. Na programação (veja aqui) constam a exibição de documentários produzidos pelo ANDES-SN, mesas redondas sobre temas que impactam o cenário político e social nacional e debates específicos sobre a Educação Pública brasileira. O Sindicato Nacional irá distribuir também uma série de materiais produzidos por seus grupos de trabalho, como cartilhas sobre políticas educacionais, a luta contra as opressões e ciência e tecnologia.
Também participam da tenda a CSP-Conlutas, a Auditoria Cidadã da Dívida, o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), o Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário Federal na Bahia (Sindjufe-BA), o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do IBGE (Assibge-BA) e o Comitê para a abolição das dívidas ilegítimas (CADTM). A tenda está localizada no estacionamento da portaria 1, no Campus de Ondina, da Universidade Federal da Bahia.
Pauta local
Presente na marcha e nas atividades do FSM, as seções sindicais dos docentes das Universidades Estaduais Baianas, levaram à manifestação faixas e panfletos que denunciam o descaso do governo da Bahia com a educação pública superior. Um dos coordenadores da Associação dos Docentes da Universidade do Estado da Bahia (Aduneb SSind.), Vamberto Ferreira, comentou sobre as reivindicações do movimento docente baiano.
“O FSM busca pensar a transformação a sociedade. Nós, da Aduneb SSind., participamos desse espaço e defendemos a universidade pública e gratuita, além do respeito aos direitos trabalhistas dos professores e professoras. Atualmente, 888 docentes das estaduais da Bahia têm seus direitos à promoção, progressão e alteração de regime de trabalho negados pelo governo estadual”, afirmou Ferreira.
Os professores denunciaram ainda o arrocho salarial a que são submetidos. “Estamos há três anos sem o pagamento da recomposição das perdas da inflação. Já perdemos mais de 20% de nosso salário. É o maior arrocho dos últimos 20 anos para os servidores públicos baianos”, finalizou o dirigente da Aduneb SSind.
*Com edição do ANDES-SN. Imagens: Aduneb SSind.