Estudantes que ocupavam a escola Ismael Silva de Jesus, localizado no bairro Vitória, em Goiânia (GO), denunciam que policiais militares (PM) invadiram a escola na manhã segunda-feira (25), sem mandado judicial, e os expulsaram com pontapés, socos e empurrões. Devido à ação truculenta, nesta terça-feira (26), os estudantes foram ao Ministério Público prestar queixa dos abusos cometidos pela PM na desocupação. O colégio estava ocupado desde dia 17 de dezembro de 2015, em protesto contra o novo modelo de gestão terceirizada das escolas, imposto pelo governo estadual.
Estudantes e apoiadores da Ocupação Ismael Silva relataram na página Secundaristas em Luta, mantida pelos manifestantes no Facebook, que a ação da polícia foi violenta e contou com a conivência do diretor da instituição e um funcionário. “Os alunos estão muito machucados. Tem um com uma fratura exposta inclusive, a grande maioria é menor de idade. Não aceitaremos ações truculentas para com jovens que estão lutando pela defesa de uma educação pública e gratuita”, diz um dos textos. Os estudantes temem pela integridade física dos alunos, a maioria entre 13 e 16 anos, que ocupam as outras 26 escolas.
Ocupações
Com a saída dos estudantes do Colégio Ismael, o número de colégios ocupados no estado de Goiás caiu para 26. Os municípios que têm escolas ocupadas são Goiânia, São Luís de Montes Belos, Cidade de Goiás, Anápolis e Aparecida de Goiânia. Os estudantes são contrários à medida do governo de Goiás, que repassará 25% das escolas estaduais para Organizações Sociais (OS) no ano de 2016. Com a medida, cerca de 250 escolas goianas serão geridas, com dinheiro público, por organizações privadas.
As OS que assumirem as escolas terão, de acordo com o governo, autonomia para contratar parte dos professores, e, além disso, serão responsáveis pela contratação de todos os trabalhadores temporários do ensino básico estadual goianos – hoje 30% dos trabalhadores das escolas de Goiás. Após o anúncio, estudantes inspirados pela experiência de estudantes paulistas, iniciaram no dia 9 de dezembro de 2015, um processo de ocupação de escolas em todo o estado. (veja aqui)
Os estudantes criticam ainda o governo de Goiás por não ter dialogado sobre o projeto de terceirização com eles, familiares e professores. Após o início das ocupações, o governo limitou-se a intimidar os estudantes, com pedidos de reintegração de posse e uso de violência policial, afirma a nota.
Reintegração de Posse
No dia 18 de janeiro, estudantes foram notificados da decisão Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) pela desocupação de três escolas públicas estaduais José Carlos de Almeida, Lyceu de Goiânia e Robinho Martins de Azevedo. A partir da notificação, eles têm até 15 dias para deixar as unidades, sob pena de requisição de força policial e multa diária no valor de R$ 50 mil, a ser revertida ao fundo estadual de educação. Ao todo, a Justiça de Goiás decidiu pela desocupação de 14 escolas. Juízes das comarcas de Aparecida de Goiânia e de Anápolis determinaram a reintegração de posse das escolas ocupadas nos dois municípios, três em Aparecida de Goiânia e oito em Anápolis.
Com informações e imagem de Agência Brasil, e informações de Secundaristas em Luta-GO
Fonte: ANDES-SN